O ministro Sergio Moro, da Justiça e
Segurança Pública (MJSP), recebeu e determinou a análise de um pedido do
governo do Pará para o envio de tropas da Força Nacional ao Estado como um
reforço na segurança. O pedido vem no mesmo dia em que o MJSP autorizou o envio
de 300 homens e 30 viaturas da Força Nacional para o Ceará, a pedido do governo
estadual, para conter uma crise interna.
Em
uma cerimônia interna que marcou a posse do novo diretor da Força Nacional - o
coronel da PM Antônio Aginaldo de Oliveira - o ministro não falou sobre a nova
solicitação, do Pará, mas comentou que muitos Estados devem fazer pedidos
semelhantes ao que o Ceará fez.
"Nos
poucos dias desde que assumimos o ministério, já pudemos perceber o quanto a
Força Nacional vai ser demandada e o quanto nós vamos ter de trabalhar com ela,
para que ela possa prestar o melhor serviço possível e que ela tenha as
melhores condições para realizar o melhor serviço à população", disse
Sergio Moro.
O
ex-juiz da Lava Jato ainda enalteceu o papel da Força Nacional e disse que não
vai negligenciar as suas necessidades.
"A
Força Nacional é uma tropa de elite, hoje é o braço-forte não do Ministério da
Justiça e da Segurança Pública, mas o braço-forte das forças de Segurança
Pública do Brasil. Pode-se dizer que, se ela não fosse tão boa, ela não seria
tão demandada. Hoje ela é uma esperança para Estados, Distrito Federal,
populações locais muitas vezes atingidas por uma criminalidade violenta, uma
escalada de violência", afirmou o ministro.
O
novo diretor da Força Nacional, Antônio Aginaldo de Oliveira, era o comandante
do Batalhão de Policiamento Especializado (BPE) da Polícia Militar do Estado do
Ceará. Ele assume o comando da Força Nacional no lugar do coronel da Brigada
Militar Kleber Rodrigues Goulart.
Há
três dias empossado como ministro, Moro disse nesta sexta-feira que autorizou o envio de forças ao Ceará após
uma "ponderada avaliação" e afirmou que as forças de seguranças
federais vão atuar de forma integrada com as estaduais para "servir e
proteger a população" cearense.
"O
crime organizado não tem como vencer o poder público organizado", disse
Moro após publicar uma portaria em que autorizou o envio e permanência por 30
dias de 300 homens e 30 viaturas da Força Nacional. O prazo de permanência,
segundo a portaria, poderá ser prorrogado se houver necessidade.
A
decisão de enviar tropas da Força Nacional ao Ceará em meio a uma onda de
ataques do crime organizado foi tomada por Moro depois de a equipe dele
concluir que as forças estaduais não conseguiriam debelar a crise. Segundo duas
fontes ouvidas pela reportagem, o que levou à mudança de percepção quanto à
necessidade do reforço foi a constatação de que a situação no Estado não se
acalmou como se esperava.
O
próprio Moro citou, na portaria ministerial, "ataques a ônibus a prédios
públicos, inclusive federais, e tentativas de explosão de obras públicas"
e "as dificuldades das forças estaduais de atenderem sozinhas às demandas
decorrentes da ação do crime organizado". Ele também disse que os fatos
são graves e há a necessidade de manutenção da segurança pública e proteção da
população e do patrimônio público.
Ações
O
governo do Pará anunciou nesta semana reforço do policiamento em alguns bairros
da capital, Belém, como Benguí, Cabanagem, Guamá e Terra-firme. Segundo a
assessoria do governo, foram mobilizados 400 homens das forças policiais do
estado. Também haverá policiamento extra nos municípios de Castanhal,
Abaetetuba, Marabá, Santarém, Altamira e Redenção.
Segundo
o Atlas da Violência 2018, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), a taxa de homicídios do Pará no último dado disponível
(relativo a 2016) era de 50,8 por 100 mil habitantes. O estado foi o quarto no
ranking nacional neste indicador, perdendo para Rio Grande do Norte (53,2),
Alagoas (54,2) e Sergipe (64,7).
Ainda
segundo o Atlas, entre 2006 e 2016, o aumento da taxa de homicídios no Pará foi
74,4%. Tiveram alterações maiores no mesmo período Ceará (86,3%), Bahia
(97,8%), Acre (93,2%), Tocantins (119%), Sergipe e Maranhão (121%) e Rio Grande
do Norte (256,9%).
(Por
Estadão Conteúdo)
Sábado,
05 de janeiro, 2019 ás 00:05
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