O
número de suspeitos presos ou apreendidos em razão da onda de ataques no Ceará chegou a 287. A atualização foi divulgada quinta-feira (10/01) pela Secretaria
de Segurança Pública e Defesa Social. As ações de terroristas tiveram
início na semana passada e deixaram em alerta todo o estado. Prédios públicos,
viadutos, estradas, ônibus e locais com veículos foram incendiados ou atingidos
de alguma forma pelos grupos.
A administração estadual
não divulga balanço oficial dos incidentes.
A
prefeitura de Fortaleza informou que dois ônibus foram incendiados e dois
centros de assistência social, invadidos nos bairros de Palmeiras e João Paulo
II. Em razão dos episódios, as duas unidades ficaram sem atendimento. Um
viaduto foi incendiado, no bairro de Parangaba, também na capital. Esse
episódio prejudicou a circulação do metrô da cidade, que atrasou cerca de uma
hora e meia no início do dia.
A
Empresa de Transporte Urbano da cidade (Etufor) informou que, apesar dos
ataques, a frota de ônibus circulou normalmente. “A escolta policial está sendo
realizada nos ônibus e [há] também alguns policiais embarcados nos coletivos;
já o efetivo policial está garantido nos terminais. Porém, os desvios ainda
estão sendo realizados em áreas de risco potencial, e a frota está sendo
escoltada ou com policiais embarcados à paisana, ou não”, acrescentou o
comunicado.
A
Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do estado disponibilizou o
número 181, o Disque Denúncia do órgão, e um número de WhatsApp (98969-0182)
para receber denúncias de atos criminosas ou atitudes suspeitas.
Defensoria pública
À
Agência Brasil, a Defensoria Pública do Ceará informou que está acompanhando a
atuação das forças de segurança em diálogo com lideranças de organizações
sociais para garantir o respeito aos direitos nas operações realizadas e
verificar eventuais violações, como proibição de uso de serviços públicos,
toques de recolher, expulsões, fechamento de estabelecimentos comerciais e
violação de domicílios.
A
Defensoria disse ainda que criou uma força-tarefa para atuar nos presídios na
região metropolitana de Fortaleza coletando informações para apresentar um
relatório à nova direção de administração penitenciária.
Abusos
O
Conselho Estadual de Direitos Humanos divulgou nota hoje na qual critica os
ataques, atribuindo-os à crise do sistema penitenciário do estado, e cobrou
medidas que resolvam o problema “pautadas na garantia e promoção de direitos
humanos”. A nota alertou para o fato de que, a partir da atuação de forças de
segurança, foram registradas denúncias de abusos.
“Este
Conselho também tem recebido notícias de arbitrariedades e de uso excessivo da
força cometidos por agentes de segurança pública, tais como invasão de
domicílios, violência em abordagens policiais, suspeita de flagrantes forjados
e prisões arbitrárias nas periferias das cidades cearenses”, pontua a nota.
O
órgão informou que vai instar outras instituições voltadas para a defesa dos
direitos humanos para uma atuação coordenada com vistas a monitorar a atuação
das forças de segurança e no sistema penitenciário do estado para avaliar
violações e “para que haja uma abertura cada vez maior desses órgãos à
população cearense, que vem sofrendo os efeitos dessa operação e aos familiares
de pessoas que estão custodiadas nas unidades prisionais cearenses”.
Medidas
Ontem
(9/01) o governador do Ceará, Camilo Santana, anunciou a transferência de 20
presos para a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Os
detentos poderão ser redistribuídos para outras unidades prisionais do governo
federal. No dia 7, 23 presos haviam fugido da cadeia pública da cidade de
Pacoti, a 122 quilômetros da capital.
O
Executivo Federal entrou no caso no dia 5, após Santana pedir apoio da Força
Nacional de Segurança. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, destacou um grupo de
300 agentes e oficiais da Força e de tropas militares. Eles começaram a atuar
no dia 6.
No
dia seguinte, o Ministério da Justiça anunciou um reforço do efetivo, com mais
106 integrantes. O governo do estado da Bahia enviou 100 oficiais da Polícia
Militar local. (ABr)
Quinta-feira,
10 de janeiro, 2019 ás 20:05
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