De
início, o plano da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) era
transferir do Ceará 60 líderes das três facções que vinham comandando, de
dentro dos presídios, o crime nas ruas de Fortaleza e outros municípios do
Ceará. Até sexta-feira, foram removidos, ao todo, 39 para a Penitenciária
Federal de Mossoró: 21 do Comando Vermelho (CV) e 18 da Guardiões do Estado
(GDE). Pelo menos, por enquanto, segundo uma fonte do governo, a SAP teria
desistido de transferir 20 criminosos já relacionados do Primeiro Comando da
Capital (PCC). A justificativa seria que o sistema aqui daria conta de
isolá-los e monitorá-los. A Inteligência do órgão penitenciário teria detectado
que os ataques estariam restritos a integrantes do CV e da GDE. Há outra
leitura possível. O PCC, diferente das duas facções, tem um melhor nível de
organização no cenário do crime no País. A GDE, por exemplo, é uma organização
criminosa "doméstica". Teria sido fundada no Ceará a partir de um
racha de lideranças cearenses que teriam se recusado a continuar pagando a
"cebola", uma mensalidade cobrada pelos paulistas. Pois bem, o PCC,
por ser mais "nacionalizado" que o CV, poderia decidir aprofundar
ainda mais a crise no território cearense. Além, também, de desencadear um
efeito dominó pelo resto do País. A análise foi posta na mesa por alguns
integrantes do Centro de Inteligência do Nordeste que é sediado em Fortaleza.
ISOLADOS
De
20 a 26 líderes do PCC estariam isolados em uma cela na CPPL3, com vigilância
24 horas de agentes fortemente armados do Grupo de Ações Táticas Especiais
(Gate) do Batalhão de Choque da PM cearense. A decisão foi comunicada ao
governador Camilo Santana (PT). Embora não entenda de estratégia policial, ele
tem de calcular a repercussão política das ações dentro e fora do Ceará.
INTELIGÊNCIA
As
análises de informações têm de apontar, por exemplo, o que significa enviar 39
homens do CV e da GDE para a segurança máxima em Mossoró e deixar aqui membros
do PCC. Como isso chega para os criminosos na rua, onde as ações não param? No
presídio, aparentemente, a situação estaria caminhando para o Estado voltar a
ser a lei no interior do sistema penitenciário.
FINANCIAMENTO
Por
trás da suposta neutralidade do PCC na onda de atentados que já dura 11 dias no
Ceará, segundo uma fonte, poderia estar o financiamento dos atentados. O PCC
estaria colocando na mão da cúpula dos líderes da GDE, fora dos presídios,
meios para comprar combustível e outras "armas" usadas nos atentados.
ORGANIZADO
No
Ceará, o PCC tem negócios. Em 2005, o furto milionário ao Banco Central foi
"patrocinado" pela quadrilha de Marcos Willians Herbas Camacho, o
Marcola. Atualmente preso em Presidente Venceslau (SP). Foram roubados do BC R$
164,7 milhões sem um tiro ou morte. Em Fortaleza, o irmão de Marcola, Alejandro
Camacho, foi preso em 2016. E em Aquiraz, ano passado, os líderes Paca e Gegê
do Mangue foram justiçados pelo próprio PCC.
LÍDERES NA RUA
Nos
500 celulares apreendidos nos presídios deve haver informações preciosas para a
inteligência e emprego do policiamento ostensivo. Mas até aqui, quantos líderes
fora dos presídios foram presos? A maior parte dos 309 presos ou apreendidos é
massa de manobra, gente usada para tocar o terror e desestruturar serviços
básicos na Cidade. Liguei para o secretário Luís Mauro Albuquerque, mas ele
disse que estava em reunião e desligou o telefone.
TETÉU
O
governador Camilo Santana (PT) criticou todos os governos federais, inclusive
os do PT, por não conseguirem equacionar o problema da segurança pública e o
caos carcerário. Ele disse, na rádio O POVO/CBN, que está 24 horas no ar
liderando as ações de combate à onda de ataques no Ceará.
LOBBY?
Camilo
voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal, que derrubou uma lei sancionada
por ele determinando a implantação de bloqueadores de celulares nas
penitenciárias do Ceará. Teria sido lobby das operadoras de telefonia?
(O
POVO Online)
Sábado,
12 de janeiro, 2019 ás 15:30
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