Ao
todo, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP) têm o direito de nomear 113 pessoas no Congresso, o que gera uma folha
de pagamento de quase R$ 1 milhão por mês.
Como
ambos ocupam cargos na estrutura do parlamento – Flávio é terceiro secretário
do Senado e Eduardo líder do PSL e presidente da Comissão de Relações
Exteriores – eles detêm o poder de preencher vagas além das disponíveis nos
seus gabinetes pessoais. Do total, 24 desses cargos têm salários acima de R$ 20
mil.
NA
ATIVA – Em áudios divulgados pelo jornal O Globo, Fabrício Queiroz, ex-assessor
de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), cita os cargos à disposição
dos dois filhos do presidente e indica ao seu interlocutor o caminho para
preenchê-los. “Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem
vincular a eles em nada. ‘20 continho’ aí para gente caía bem pra c*.”
Em
outro trecho divulgado pelo jornal, Queiroz menciona especificamente seu
ex-chefe. “O gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores lá para
conversar com ele. Faz fila. É só chegar: ‘Meu irmão, nomeia fulano para
trabalhar contigo aí’. Salariozinho bom, para a gente que é pai de família, p*
que pariu, cai igual uma uva.”
RACHADINHA
– De acordo com O Globo, a mensagem de áudio foi enviada em junho – seis meses
após o Estado revelar documentos do antigo Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf, agora Unidade de Inteligência Financeira) indicando que
Queiroz ficava com parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio na
Assembleia Legislativa do Rio. Flávio foi deputado estadual de 2003 a 2018.
O
Estado mapeou os cargos e os salários nos gabinetes dos dois filhos de
Bolsonaro e, também, em postos chaves que cada um ocupa como, no caso de
Eduardo, a Liderança do PSL e a Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Já
Flávio tem aliados nomeados na Terceira Secretaria do Senado, que comanda, além
dos gabinetes de Brasília e do Rio de Janeiro. O levantamento contabilizou os
cargos que dependem exclusivamente da vontade dos dois parlamentares.
Apesar
de poder gastar até R$ 500 mil por mês em verba para contratar funcionários,
Flávio não utiliza todo o montante. Por mês, ele gasta R$ 366 mil da verba do
Senado com os salários de 18 funcionários em seu gabinete no Senado, sete no
escritório que mantém no Rio e quatro na Terceira Secretaria da Casa. Os
valores variam entre R$ 27 mil (já com os descontos) a R$ 2 mil. Ao todo,
Flávio preenche 29 cargos.
SELETOS
– O salário de ‘20 continho’, mencionado por Queiroz no áudio, porém, não é
para todo mundo. Com Flávio, 9 das 29 pessoas nomeadas por ele ganham igual ou
mais do que isso. Entre os contratados por Eduardo, 15 de 84 recebem mais de R$
20 mil. O número de cargos que o deputado pode preencher aumentou significativamente
nesta semana após ele vencer uma queda de braço no seu partido e ser confirmado
líder do PSL.
Com
essa nova função, o filho “03” de Bolsonaro ganhou 71 cargos a mais para
preencher. Segundo a assessoria do deputado, porém, ele manteve os nomes indicados
pelo antigo líder, Delegado Waldir (PSL-GO). O número de cargos depende do
número de deputados que cada partido conseguiu eleger. O PSL é o segundo maior
da Casa.
DEFESA
– Sobre o áudio, a defesa de Queiroz disse que ele mostra o capital político do
ex-assessor de Flávio Bolsonaro e não vê nada demais nisso. “A defesa técnica
de Fabrício Queiroz vê com naturalidade o fato de ele ser uma pessoa que ainda
detenha algum capital político, uma vez que nunca cometeu qualquer crime, tendo
contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no Estado
do Rio de Janeiro”, afirmou o advogado Paulo Klein.
“Portanto,
a indicação de eventuais assessores não constitui qualquer ilícito ou algo
imoral, já que, repita-se, Fabrício Queiroz jamais cometeu qualquer ato
criminoso.” Em vídeo divulgado pelas redes sociais, Flávio negou que Queiroz
influencie nas contratações do seu gabinete.
CONTRADITÓRIO
– “O que fica bem claro neste áudio é que ele não tem nenhum acesso ao meu
gabinete, o que me parece óbvio. Tanto é que ele está ali fazendo uma
reclamação de que não acesso a nenhum cargo, nenhum tipo de espaço”, disse o
senador. Questionados, via assessoria, se há indicações políticas em seus
gabinetes, Flávio e Eduardo não responderam até a conclusão desta edição.
(Tribuna da internet)
Sexta-feira,
25 de outubro ás 11:00
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