Lula
foi às lágrimas no dia da derrota da batalha do impeachment. Ao lado de Dilma,
ele chorou três vezes quando a Câmara aprovou a abertura do processo de
impedimento contra sua criatura.
O
ato de chorar implica profundo sofrimento e demanda respeito – a não ser quando
são vertidas lágrimas de crocodilo, o que não era o caso. Mas por quem Lula
chorou?
Por
Dilma? Certamente, ao ver a seu lado, no Palácio da Alvorada, alguém que, pela
história política, não merecia tal destino. Só que Lula também sabe que ela,
durante seu governo, fez por onde ser derrotada.
O
ex-presidente deve ter se lembrado dos inúmeros conselhos dados à petista nos
últimos anos, mas que não foram acatados. Ali, em seu silêncio e olhando pelas
vidraças do Alvorada, deve ter se perguntado: por que ela não me ouviu? E
chorou.
Pelo
PT? Também, ao notar que naquele momento ficava mais complicada sua tarefa de
recuperar o projeto original de seu partido, perdido nas negociatas do petrolão
ao virar farinha do mesmo saco e aderir ao velho esquema da propina.
Por
ele mesmo? Com certeza, ao sentir que o legado de seu governo corre sério risco
de ser aniquilado pelo fracasso da administração de sua sucessora. Naquele
instante, Lula deve ter refletido: por que a escolhi candidata? E chorou.
Pelo
Brasil? Talvez, mas deveria, porque não tivesse hoje o país mais de 10 milhões
de desempregados e mergulhado na pior recessão da história o destino não
reservaria tal desfecho para ele e Dilma Rousseff.
Em
suas reflexões, o ex-presidente deve estar, principalmente, matutando com os
amigos: por que sua criatura nunca fez, de fato, uma autocrítica e assumiu seus
erros.
Enfim,
interlocutores e amigos de Lula têm a avaliação de que Dilma se aproxima da
hora de se afastar do governo numa atitude de autonegação –e quando não se
enxerga os próprios erros não se evita os precipícios. Deu no que deu. E em
choro.
Valdo Cruz
Segunda-feira,
25 de dezembro, 2016
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