As
atenções nacionais estão focadas na Câmara dos Deputados e no Supremo Tribunal
Federal.
Os
integrantes do STF são apenas 11. Nos últimos dois anos tornaram-se familiares,
graças às transmissões de julgamentos de políticos, banqueiros e empresários,
réus nos processos do mensalão e do lava jato.
Um
dos mais novos é o Ministro Roberto Barroso que, talvez involuntariamente,
acaba de prestar relevante serviço ao País. Ao comentar as notícias sobre
debandada do PMDB do governo, e a possibilidade de o partido assumir a
presidência da República, exclamou S. Exa.: “Meu Deus do céu! Essa é a nossa
alternativa do poder?!”. “Não tem para onde correr. Isso é um desastre”.
Completando: “A política morreu, porque nosso sistema político, que não tem um
mínimo de legitimidade democrática, deu centralidade imensa ao dinheiro e à
necessidade de financiamento e se tornou um espaço de corrupção generalizada”
(“O Estado”, 1º/4/16).
Em
breves palavras o Ministro expressou o pensamento dominante entre pessoas não
atacadas pelo vírus da alienação política.
De
fato, nada poderia haver algo mais escandaloso do que fotografias do alto
comando do partido, representado pelo presidente da Câmara dos Deputados
Eduardo Cunha; o senador e eterno líder Romero Jucá, Eliseu Padilha ex-ministro
e deputado, comemorando, com risos, mãos dadas e braços levantados, o
desembarque parcial da legenda do governo petista. Parcial porque insistem em
permanecer Michel Temer, na vice-presidência, Kátia Abreu, no Ministério da
Agricultura, Renan Calheiros à frente do Senado, entre outros de menor nomeada.
O
PMDB juntou-se ao PT há muito tempo. Adepto da prática do “dando é que se
recebe”, exigiu e ganhou ministérios, autarquias, estatais, sociedades de
economia mista, e empregos federais, estaduais e municipais do segundo e
terceiro escalões. Compôs, com servilismo e eficiência, a base parlamentar do
governo Lula e de Dilma Roussef. Ao pressentir a possibilidade de impeachment,
executou aquilo que Napoleão Bonaparte definiu como manobra estratégica de
retirada. Por outras palavras, fugiu tomando como pretexto a moralidade. Mas se
Dilma Roussef não cair? Afinal, são exigidos dois terços dos votos da Câmara,
onde fidelidade a compromisso é mercadoria rara, e a última palavra caberá do
Senado. Se não cair ele volta, por ser incapaz de viver longe do poder.
Conhecemos
o PT e o PMDB. É indispensável, todavia, examinar a conduta dos demais
partidos.
Para
encerrar, recomendo a leitura da entrevista do ex-deputado Roberto Jefferson,
condenado no processo do mensalão a sete anos e 14 dias de prisão, publicada
hoje pelo “Estado” (pág. A10).
Trata-se
de depoimento que entrará para a história como demonstração do caráter fluido
de alguém se prepara para reassumir a presidência do PTB, hoje entregue à
filha.
E
há quem proponha a troca do presidencialismo pelo parlamentarismo, talvez como
aspirante a primeiro ministro do vice-presidente Michel Temer, como me parece
ser o caso do senador tucano José Serra.
Com
partidos, senadores, deputados e a massa de eleitores que temos, a troca será
de seis por meia dúzia.
*****Almir
Pazzianotto Pinto é advogado. Foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal
Superior do Trabalho.
Domingo,
03 de abril, 2016
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