Nos
primeiros anos do governo Lula, brincava-se com o que se compreendia como uma
presunção petista. Comentava-se - "O PT pensa que descobriu o
Brasil". Sob o novo governo, tudo era como "nunca antes na história
deste país" e a própria narrativa histórica era refeita para se adequar a
tais premissas. O petismo gerava grandes "novidades"! Descobrira a
escravidão negreira e reacendia tensões raciais. Captara a existência de
desigualdades sociais e manejava para produzir antagonismos a partir delas.
Percebera desníveis de renda entre o Norte e o Sul do país e extraía daí as
bases para o coronelismo de Estado lá onde, ainda hoje, alojam-se seus
principais redutos. E assim por diante. Na alvorada do século XXI, o PT era o
novo Cabral chegando com a modernidade aos botocudos brasileiros.
Tudo
ficaria na base do transitório e jocoso, não fosse o fato de que o partido
governante levava tudo aquilo muito a sério e tinha um projeto de poder que não
admitia interrupção. Não que o projeto político para o país fosse uma preciosidade
em si mesmo, mas porque o poder era por demais precioso ao partido. José
Dirceu, em um evento realizado aqui ao lado de onde escrevo, na cidade de
Canoas, afirmou em 2009, textualmente: "Se o projeto político é o
principal, o principal é cuidar do PT". E o Brasil? Ora, o Brasil! O
Brasil, àquelas alturas, já era tratado como uma colônia pela corte petista
instalada em Brasília.
A
atitude colonialista se expressa em diversos aspectos do cotidiano nacional. Há
um colonialismo com reflexos na produção cultural e na cultura pois uma mão
lava a outra no acesso aos benefícios e estímulos financeiros proporcionados
pela corte. A invasão do politicamente correto produziu efeito deletério na
indiada que antes vivia numa sociedade livre, impondo auto-censura à liberdade
de expressão. O sistema público de ensino foi domesticado para só ministrar o
que a corte de Brasília deseja ver ensinado através de seus trabalhadores em
Educação. Em nenhuma hipótese tais conteúdos podem divergir da orientação
imposta pelo colonialismo petista. Não convém à corte que seus súditos tenham
armas para defesa pessoal. Por isso, inúmeras e onerosas dificuldades lhes são
impostas para tal posse. No mesmo sentido, o colonialismo, de modo crescente,
reduziu a autonomia dos entes federados - estados e municípios - em favor da
centralização e consolidação de seu projeto de poder. Vai-se a Federação para o
brejo.
À
exemplo do velho colonialismo europeu, a corte transformou em monopólio
partidário a parcela mais rentável dos negócios de Estado, e neles atua,
simultaneamente, como contratante e intermediária. Por óbvio, tudo fica mais
oneroso ao súdito, pagador de impostos e consumidor dos serviços prestados pela
corte.
Portanto,
laços fora brasileiros! As cortes de Brasília querem, mesmo, escravizar o
Brasil.
*****Percival Puggina,
membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor
Sexta-feira,
1º de abril, 2016
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