Quer
dizer, então, que estando o País sob essa inércia desmesurada e, tirando os
corajosos sob a mira redentora da Lava a Jato, ninguém mais vai pagar por isso?
Entra
Governo, passa Governo, sai Governo e o imbróglio do Brasil, à falta de
reformas institucionais consistentes para serem encaradas a sério, só aumenta.
E
quando se imagina que alguma coisa vai mudar, vais conferir - é casuísmo. Tudo
imaginado para alcançar, por tabela, os mesmos.
A
Constituição Portuguesa, promulgada após a queda da ditadura cinquentã
instaurada por Salazar, passou por duas longas conquanto profundas revisões.
Nós aqui fizemos apenas uma revisão. Ligeira. E no que deu? Na reeleição para
Presidente, Governadores e Prefeitos. Novidade que não colou. E, num remelexo
na questão tributária, a revisão tratou de melhorar as coisas para o Todo
Poderoso, abaixo de Deus aqui na terra, quem? O Povo? Não, o Estado.
O
sistema eleitoral datado do início do último século está ultrapassado pelo
amadurecimento da cidadania. Mas com os vícios que foram se acumulando.
Agora
começa a regressiva para o impeachment da Dilma. Ao mesmo tempo em que a
maioria da população, melhor dizendo, algo em torno de 69%, segundo o IBOPE,
reafirma rejeição ao Governo dela, o Palácio do Planalto instala o balcão de
ofertas de cargos públicos em troca de votos contra o impeachment.
Ontem
o Professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho, um dos mais conceituados
constitucionalistas deste País, em palestra na Universidade de Lisboa,
sustentou que “a má governança (também) configura crime de responsabilidade”.
Caso indubitável da Dilma, absolutamente despreparada para os desafios de
governar. (CF, Art.37 caput.)
Quanto
à legitimidade, o Professor Manoel garantiu que “a legitimidade não se
restringe ao que vem das urnas. Tem que ser conquistada no dia a dia”.
E
o que vem fazendo a Dilma nesses 5 anos em que ocupa a Presidência da
República? Começou exigindo que a chamassem de Presidenta. Ridículo. Os caras
só falam Presidenta em sua presença ou pela aí, mais pelo medo de serem
demitidos.
Depois,
inaugurou o assédio moral – tratando com grosserias os auxiliares civis ou
militares. De toda e qualquer patente. Dava seus esporros em qualquer lugar.
Ela iria querer então que esse pessoal, todo vítima de suas grosserias, não
fosse, sempre possível, rogar aos diabos para que cuidassem dela? A Dilma agora
é a queridinha de todos os demônios para todos os malfeitos. (“Para ganhar a
eleição, a gente faz o diabo”, já lecionava na campanha a Presidenta.)
O
inferno em que vive e para qual arrasta um País inteiro tem a ver não só com a
economia em frangalhos. Nem só com os 10 milhões que perderam seus empregos.
Nem só com as centenas de indústrias que fecharam. Nem só com o mosquito da
dengue e os vírus da dengue e da zika. Nem só com o picolé a 10 reais. E tal.
Isso
tudo tem a ver também com a corrente do pensamento negativo que a Dilma
alimenta com o seu mau humor e arrogância e que dia a dia mais se volta contra
ela. Eu acredito nas forças desses fluidos.
O
principal e maior problema da gestão federal tem nome e sobrenome. Chama-se
Dilma Rousseff. A simples retirada dela do mapa político nacional já garante um
recrudescimento da confiança, do otimismo e da esperança, enfim, tudo que ela
não inspira.
Se
não estancarmos com o impeachment essa sangria diuturna na nossa tolerância e boa-fé,
ainda nos resta a bala de prata no TSE. E aí quem estiver na Presidência da
Suprema Corte assumirá a Presidência da República para num amplo acordo
convocar uma Constituinte exclusiva para as reformas indispensáveis ao
rearmamento moral da Nação. Respeitados os direitos já consagrados em cláusulas
pétreas.
*****Edson Vidigal,
Advogado, foi Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho de
Justiça Federal.
Quinta-feira,
31 de março, 2016
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