O PMDB está oficialmente fora do governo
Dilma. A decisão foi tomada em uma reunião que durou poucos minutos. Mas, dos
sete ministros do partido, três disseram que vão continuar no cargo.
Estava
combinado. Ia ser tudo rápido. Pra evitar desgastes e não expor alguns líderes.
Os que ainda queriam dar um tempo ao governo não deram as caras. Foi o caso do
líder na Câmara, Leonardo Picciani. Os ministros também faltaram. E o
presidente do partido, Michel Temer, principal articulador da posição do
partido, preferiu deixar a reunião por conta do substituto, o senador Romero
Jucá.
Eram
11 moções pedindo o rompimento com o governo. Bastava uma. A da Bahia resumia
tudo. E foi assim, sem discursos, nem votação. Decisão confirmada por aclamação
e em clima de euforia.
Um
documento de dez linhas, uma reunião de cinco minutos. O PMDB foi curto e
grosso. Não participa mais da base aliada do governo de Dilma Rousseff. E
mandou os sete ministros e mais de 600 ocupantes de cargos no Governo Federal
desembarquem do governo imediatamente.
O
ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, se antecipou. Deixou o ministério
na segunda-feira (28). O de Minas e Energia, Eduardo Braga, o de Portos, Elder
Barbalho, e o da Aviação Civil, Mauro Lopes, já disseram que vão sair, mas
precisam de um prazo.
Os
da Saúde, Marcelo Castro, da Agricultura, Kátia Abreu e da Ciência e
Tecnologia, Celso Pansera, avisaram que permanecem com Dilma.
“Pretendo
ficar no meu partido. Gosto do partido, me elegi por ele. Não tenho nenhuma
intenção de sair. Vou me manter no cargo de ministro e no partido”, afirmou
Celso Pansera, ministro da Ciência e Tecnologia.
O
vice-presidente do partido avisa que a decisão é clara, desembarque imediato.
Fora isso, haverá consequência.
“A
partir de hoje, o PMDB não participa mais da base do governo nem indica cargos.
A situação individual de cada um será vista por cada um. Eu digo que, pra bom
entendedor, meia palavra basta. Aqui foi dada uma palavra inteira. Portanto,
todos devem pensar no que vão fazer”, declarou o senador Romero Jucá (PMDB-RR),
vice-presidente do partido.
O
presidente do partido, o vice, Michel Temer, trabalhou nos bastidores,
acompanhou a reunião pela televisão e já saiu de cena, viajou pra São Paulo,
sem dar declaração. Diz que é pra preservar a imagem institucional.
Em
caso de impedimento da presidente Dilma, é ele o primeiro na linha sucessória.
A decisão desta terça-feira (29) deixou um ou outro insatisfeito, mas foi quase
unanimidade. Fato inédito, considerando a história do partido. Todos sabem que
terão pela frente uma batalha com o PT.
“O
PMDB tem que se preparar para o poder. O que é isso? O PMDB ao longo, mais de
dez aos, vem sendo coadjuvante. E, às vezes, mau coadjuvante. Um coadjuvante
que quer apenas usurpar do poder, quer cargos. Agora vai ser diferente”,
apontou o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB- PE).
O
presidente do Senado, Renan Calheiros, explicou sua ausência na reunião desta
terça-feira (29) dizendo que tinha que se preservar. Quer demonstrar isenção
porque o processo de impeachment pode chegar ao Senado. Mas, para todos os
efeitos, prefere acreditar que não chegará.
“Eu
acho que se esse processo chegar no Senado, e espero que não chegue, nós vamos
juntamente com o Supremo Tribunal Federal, decidir o calendário. A Constituição
prevê que esse julgamento aconteça em até seis meses. Portanto, eu não vou
comentar a decisão do PMDB para não partidarizar o papel que exerço como
presidente do Senado Federal", disse o senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
presidente do Senado. (G1)
Terça-feira,
29 de março, 2016
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