Na véspera da primeira reunião de trabalhos da
comissão que vai analisar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o relator
do colegiado, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), rejeitou a convocação de
ministros e da própria petista para prestar esclarecimentos sobre as acusações
de crime de responsabilidade e de corrupção. Desde a instalação da comissão, na
última quinta-feira, deputados apresentaram uma série de requerimentos pedindo
a audiência com Dilma e seus auxiliares. Nesta segunda-feira, o comando da
comissão vai apresentar o plano de trabalho e definir a possibilidade de
oitivas pelo grupo.
"Se
eles quiserem falar comigo eu estarei à disposição aqui na comissão. Agora,
convidar, não", afirmou Jovair Arantes nesta segunda-feira, ao ser
questionado sobre os requerimentos apresentados. A mesma negativa foi dada
sobre a possibilidade de convocação do ex-presidente Lula na condição de
ministro da Casa Civil: "Não, claro que não".
O
relator é amigo do ex-presidente, mas nega que tenha qualquer intenção de
blindar seus aliados na comissão. "A minha ligação é com a
responsabilidade do Brasil, do meu Estado, das cidades que eu represento e
sobretudo com meu mandato. Estou na Câmara há 21 anos e minha relação com todos
os presidentes da República, com os presidentes da Casa e meus colegas
deputados tem sido sempre de muita tranquilidade e aproximação, porque a
aproximação é o que leva ao êxito das ações que desenvolvemos aqui",
disse.
O relator ponderou que o ministro José Eduardo
Cardozo, da Advocacia-Geral da União (AGU), será bem recebido no colegiado caso
ele seja escalado para fazer a defesa de Dilma em nome do governo. Arantes
defendeu ainda a audiência com nomes técnicos ou relacionados à denúncia, como
os autores do pedido de impeachment - Janaina Paschoal, Hélio Bicudo e Miguel
Reale Júnior - e o relator das contas de Dilma no Tribunal de Contas da União
(TCU), Augusto Nardes.
Pressão
- Em entrevista à imprensa, o relator do impeachment de Dilma admitiu, sem
citar nomes, que tem sofrido pressão desde que foi alçado a dar um parecer
sobre o futuro político da presidente da República. Ele afirmou que isso
"faz parte do jogo". "Quem não quer receber pressão veste um
pijama e fica em casa", disse. "Aqui é uma Casa que tem de dar resposta
aos anseios da comunidade brasileira. É o para-choque de todos os problemas e
eu tenho de respondê-los", continuou.
"As
pressões virão e virão dos dois lados. Ao final desse relatório eu terei um
lado muito chateado comigo e um outro muito satisfeito. Evidentemente, quem tem
de estar satisfeito comigo é a minha consciência", acrescentou Jovair
Arantes.
Líder
do PTB na Câmara, ele afirmou que não vai mais participar das reuniões que
ocorrem semanalmente no Planalto com a base do governo. Nesse caso, irá o
vice-líder da legenda.
Por: Marcela Mattos
Segunda-feira,
21 de março, 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário