De
derrota em derrota, na última segunda-feira, com a decisão da ministra Rosa
Weber de obstar, no Supremo Tribunal Federal, os interesses do Lula e da
presidente Dilma, o impeachment vai ficando cada dia mais provável. Dos 513
deputados, imagina-se hoje que perto de 400 se pronunciarão a favor. As
esperanças de Madame e de seu criador assentavam-se nos 81 senadores, ou
melhor, na maioria deles. Comentários do presidente Renan Calheiros, ontem,
desfaziam essa impressão. Basta um a mais, computando-se a presença dos que
estiverem em plenário, para afastar a presidente do palácio do Planalto.
Primeiro temporariamente. Depois, em definitivo.
A
pergunta é por que se afasta uma chefe da nação eleita pelo voto direto, duas
décadas depois de outro por igual processo. Não terá sido por conta de uma FIAT
Elba, num caso, e agora em função de pedaladas ou da nomeação de um novo chefe
da Casa Civil, em outro, mesmo em se tratando do Lula. Esses foram pecados,
jamais justificando chamas eternas.
Collor,
e agora ao que parece, Dilma, estavam ou estarão condenados bem antes do
julgamento. Deveu, um, e deverá, outra, seu afastamento às próprias personalidades.
Assumiram como numa monarquia, esquecidos de que a República fora proclamada há
mais de cem anos. Uma vez investidos no
poder, julgaram-se acima do Bem e do Mal. Adotaram a postura de rei, um, e de rainha,
outra, ignorando a maior das qualidades que deveriam ostentar: a
humildade. Mesmo que no fundo se
julgassem superiores à humanidade, precisariam disfarçar. Fernando Henrique,
por exemplo, encenou essa farsa, mas saiu aplaudido.
Collor
por jovem demais, Dilma, por formação ideológica, esqueceram de atentar para os
sentimentos do povo à sua volta. Imaginaram governar um país obrigado a render-lhes não apenas
homenagens, mas obediência ostensiva. A cada pronunciamento ou aparição pública,
estavam quilômetros acima de suas bases, sem atentar para que a população,
tendo ou não votado neles, rejeita a presunção, o orgulho e a prepotência. Especialmente da parte dos que deveriam
respalda-los.
Claro
que diferenças existiram e existem entre eles, mas aproximam-se de uma
semelhança definitiva: um triste final.
Carlos
Chagas
Quinta-feira,
24 de março, 2016
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