Nem
se prendessem a Dilma ficaria pior. Porque a prisão do Lula, filhos e
dirigentes de empresas a ele ligadas equivaleu, na manhã de ontem, à maior das
vergonhas jamais registradas no Brasil. Preso ele já tinha sido, mas com honra,
por haver liderado greve geral de trabalhadores em pleno regime militar. Daí,
porém, a ser levado à representação da Polícia Federal no aeroporto de
Congonhas, para explicar os recursos entregues sem prestação de serviços ao
Instituto Lula, é olímpica a distância.
Provas de que um ex-presidente da República tenha se beneficiado por receber dinheiro de
empreiteiras, jamais havia sido evidenciado.
Nunca governantes jamais foram liberados para agir como se tivessem liberdade para fazer do
país o seu quintal. A acusação é de que, a pretexto de palestras e conferências
pretensiosamente pronunciadas por ele, chegou a faturar 20 milhões de reais.
A
ser verdadeira a acusação, concluir-se-á não ter limites a desfaçatez com que se
avança sobre a coisa pública. Não tarda
a se conhecer os limites de até onde o Lula considerou como sua e de seus
familiares a propriedade coletiva.
Conduzido
à prisão, mesmo por poucas horas, o ex–presidente acaba de destroçar a imagem
do partido um dia tido como a esperança da redenção nacional. Leva com ele os
companheiros, os filhos, e os empresários envolvidos mas, acima de tudo, apanha
a sucessora. Madame não vale mais nada,
como presidente da República. Mesmo que nada tenha a ver com as lambanças do
antecessor, Dilma encontra-se umbelicalmente ligada a ele.
O
espetáculo verificado no aeroporto de Congonhas, para onde o Lula foi levado,
exigiu a presença da Polícia Militar de São Paulo. Não foi fácil evitar a
confusão entre os militantes do PT, exasperados pela prisão do Lula, de um
lado, e seus adversários, de outro. O
grave foi e ainda é o choque.
Há
quem suponha que essa inusitada ação da Polícia Federal se deu à demissão do
ministro da Justiça, por muitos meses acusado pela
Oposição
de não conter o ímpeto da Polícia Federal contra o PT. Assim, o novo ministro
teria decidido avançar sobre o partido, para demonstrar que não se intimida.
Carlos
Chagas
Sábado,
05 de março, 2016
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