Enganou-se
quem quis. Ao lançar a tal ponte para o futuro, meses atrás, o PMDB aderiu à
conspiração não propriamente contra a presidente Dilma, apesar dela
constituir-se no alvo ostensivo. A trama visava substituí-la por Michel Temer,
mas se fosse o João da Silva seria a mesma coisa.
O
que os conspiradores planejaram e estão conseguindo é desmoralizar e demolir a
política social que vem dos tempos de Getúlio Vargas, João Goulart, um pouco o
Lula e até um pouquinho a Dilma. Pretendiam, e agora comprovam, restabelecer o
regime de prevalência do capital e suas benesses, revogando as conquistas do
trabalho e suas necessidades.
Da
caverna do Jaburu começam a surgir as evidências, tanto pelos nomes sugeridos
para o ministério quanto pelas já anunciadas iniciativas do novo governo.
O
que pretendem os conspiradores? Impor uma fajuta reforma trabalhista para
revogar a Consolidação das Leis do Trabalho e substituí-la pela livre
negociação entre patrões e empregados, ou seja, entre a guilhotina e o pescoço.
Vão desaparecer montes de direitos trabalhistas, em nome da modernidade ou que
outro nome tenha essa patifaria. Também querem a reforma da Previdência Social
para reduzir as aposentadorias e pensões, logo limitando-as ao salário mínimo,
além de ampliar para 65 anos o limite mínimo para gozá-las, tanto homens como
mulheres.
Já
anunciam, também, a desvinculação do salário mínimo. Assim como a diminuição
dos encargos e tributos das empresas, sem estender o benefício aos
assalariados.
Tem
mais horrores na caverna, sendo revelados à medida em que são conhecidos os
novos ministros, todos oriundos do neoliberalismo. Michel será apenas o
porta-estandarte, obediente à política que domina nossas elites. Faltava o
Brasil, até agora aferrado a princípios sociais. Hoje não falta mais, quando se
aproxima a data do impeachment.
A
vitória parece do retrocesso, ao tempo em que a derrota sabemos onde vai cair.
O governo do PMDB não percebeu a arapuca para onde estava sendo empurrado.
Certamente por ignorância, característica da qual não se livrou a presidente
Dilma, com um pouquinho de responsabilidade para o Lula.
Esse
esbulho não pode mais ser evitado, até por omissão das centrais sindicais e dos
raros partidos ditos de esquerda. Basta reler a chamada ponte para o futuro, na
verdade uma pinguela para a caverna do Jaburu.
Carlos
Chagas
Sexta-feira,
29 de abril, 2016
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