Sergio Moro |
O
juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, afirmou que
"é possível" que o esquema criminoso alvo da Operação Carbono 14, que
envolve o empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões via José Carlos Bumlai e o
repasse de R$ 6 milhões para o dono do Diário do Grande ABC Ronan Maria Pinto,
"tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então
Prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT)". A 27ª fase deflagrada nesta
sexta-feira, 1, prendeu o empresário e o ex-secretário-geral do PT Silvio
Pereira. "É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação
com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso
Daniel, o que é ainda mais grave", escreve Moro.
No
despacho em que determinou a prisão dos dois alvos, e a condução coercitiva de
outras duas pessoas ligadas ao PT - o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o
jornalista Breno Altman -, Moro cita um depoimento prestado pelo irmão de Celso
Daniel, Bruno José Daniel, ouvido pelos procuradores da Lava Jato em janeiro.
"Relatou
em síntese que, após o homicídio, lhe foi relatada a existência desse esquema
criminoso e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao Partido
dos Trabalhadores. O fato lhe teria sido relatado por Gilberto Carvalho e por
Miriam Belchior. O destinatário dos valores devidos ao Partido dos
Trabalhadores seria José Dirceu de Oliveira e Silva", registra Moro.
"Levantou (o irmão de Celso Daniel) suspeitas ainda sobre o possível
envolvimento de Sergio Gomes da Silva no homicídio do irmão. Declarou não ter
conhecimento do envolvimento de Ronan Maria Pinto no episódio ou de extorsão
por ele praticada contra o Partido dos Trabalhadores."
Celso Daniel |
O
procurador da República Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Lava Jato,
afirmou, após entrevista coletiva em que foi detalhada a 27ª fase da
investigação, que "o objeto dessa operação (Carbono 14) é esclarecer o
esquema de lavagem de dinheiro do Banco Schain e saber a razão de o empresário
Ronan Maria Pinto ter recebido R$ 6 milhões (do total desse empréstimo)".
"E se houver fatos sobre a gestão de Celso Daniel, também serão
investigados."
O
procurador ponderou que ligar o assassinato do então prefeito Celso Daniel ao
empréstimo fraudulento do Banco Schain "seriam conjecturas". Contudo,
admitiu que "todas as linhas possíveis estão sendo investigadas, mas não
há nada conclusivo."
Na
operação deflagrada hoje, o empresário Ronan Maria Pinto e o
ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira foram presos preventivamente e serão
levados a Curitiba, base da força tarefa O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e
o jornalista Breno Altman, amigo do ex-ministro José Dirceu, foram conduzidos
coercitivamente a prestar depoimento.
O
foco, como disse Castor de Mattos na coletiva, é entender o caminho do empréstimo
fraudulento do Banco Schahin ao empresário e amigo de Lula José Carlos Bumlai,
preso desde novembro do ano passado. O empréstimo teria o objetivo de quitar
dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT).
Defesa
Em
nota, a assessoria de imprensa de Ronan Maria Pinto diz que, sobre a fase da
Operação Lava Jato, "há meses reafirmamos que o empresário Ronan Maria
Pinto sempre esteve à disposição das autoridades de forma a esclarecer com
total tranquilidade e isenção as dúvidas e as investigações do âmbito da
Operação Lava Jato, assim como a citação indevida de seu nome. Inclusive ampla
e abertamente oferecendo-se de forma espontânea para prestar as informações que
necessitassem".
Segundo
a assessoria, "mais uma vez o empresário reafirmará não ter relação com os
fatos mencionados e estar sendo vítima de uma situação que com certeza agora
poderá ser esclarecida de uma vez por todas".
Estadão
Conteúdo
Sexta-feira,
1º de abril, 2016.
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