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20 de dezembro de 2019

A sandice está no ar



A compulsão do presidente pelas redes sociais, ao fazer circular notícias falsas, pode levá-lo a um eventual processo de impeachment. Ele já cometeu e certamente seguirá praticando, em suas mensagens, crimes de responsabilidade previstos na Constituição do País 

Um desses crimes de responsabilidade, para nos restringirmos na metodologia weberiana ao “idealtipo” que denota a gravidade de todo o quadro, ocorreu quando ele declarou e postou que, se Felipe Santa Cruz, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, quisesse saber como o seu pai morrera, ele, Bolsonaro, capitão reformado do Exército, poderia contar. Fez isso de viva voz e nos canais digitalizados. O pai de Felipe, Fernando Santa Cruz, foi assassinado pela ditadura militar porque se opunha a esse regime de exceção e arbítrio. Bolsonaro inventou a versão de que Fernando fora morto por seus companheiros de guerrilha. Isso é, sim, crime. E o mandatário vai se corrigir? Chance zero. Há uma fronteira tênue, mas é uma fronteira, a envolver o funcionamento da rede neural entre impulsividade e compulsão. Fosse uma postagem aqui, outra ali, nas redes sociais estaria o presidente agindo por impulso. O uso sistemático de tais redes e a não veracidade de quase tudo o que espalha apontam, porém, para a compulsão — e pode ela ser definida como um “prazer negativo”, aquele que a pessoa não consegue interromper. Por exemplo: um fumante inveterado quando acende o próximo cigarro já não tira da nicotina o prazer que julga poder tirar, mas apenas alivia a dor biopsíquica do tempo em que ficou sem fumar. Assim é Bolsonaro com suas distorções na redes sociais, e isso não significa que ele não tenha consciência da manipulação política e populista de sua atuação.

Institutos de pesquisa mostram que Bolsonaro deu uma notícia falsa ou imprecisa a cada quatro dias Produção de lorotas

Bolsonaro vai acabar tropeçando nos cadarços dos próprios sapatos. Pode, sim, surgirem pedidos e eventuais processos de impeachment pela frente. E, repita-se, não seriam inconstitucionais, porque a Constituição do País define tal comportamento como lesivo à responsabilidade do cargo de presidente da República. Na CPI das Fake News, a deputada federal Joice Hasselmann afirmou que se montou uma estratégia, organizada pelo também deputado federal Eduardo Bolsonaro, para colocar em operação robôs nas redes sociais, remunerando com R$ 20 mil a empresa responsável pela criação — como se vê, conforme avançamos nos fatos a história vai ficando mais grave, até porque Bolsonaro desafia, dizendo “paguei sim, R$ 40 mil. Recebeu?”. Os mentores das notícias falsas que vão para o WhatsApp, de acordo com o depoimento de Joice, estão instalados no terceiro andar do Palácio do Planalto e compõem o chamado “gabinete da raiva”, coordenado pelo vereador Carlos Bolsonaro. A produção de lorotas tem objetivos claros: atingir desafetos e críticos do governo; manter o presidente e seus filhos na berlinda das redes sociais; e, finalmente, confundir a população porque é dessa confusão que o populismo e o totalitarismo se alimentam. Fica evidente, dessa forma, que não é nada irreal quando se fala, aqui, que existe a perspectiva de um processo que pode afastar Bolsonaro do cargo. Além da CPI das Fake News, a sua vida se complica na investigação eleitoral que descobrirá se houve crime na campanha presidencial por meio do uso indevido do WhatsApp. A ação está em mãos do corregedor do TSE, ministro Og Fernandes, que declarou que convocará especialistas em tecnologia de informação para auxiliá-lo.

Sexta - feira, (20/12/2019)

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