O
ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
avalia a existência de “fortes indícios” de doação acima do limite legal por
parte de pelo menos cinco empresas ao comitê financeiro do PT. Mendes é o
relator das prestações de contas do partido e da presidente Dilma Rousseff na
campanha à reeleição da petista.
Em
despacho na noite de sexta-feira, 5, Mendes pede à Receita Federal com urgência
dados sobre o faturamento bruto da Gerdau Aços Especiais e mais quatro
empresas: Saepar Serviços e Participações, Solar.BR Participações, Ponto
Veículos e Minerações Brasileiras Reunidas. Juntas, as cinco empresas doaram R$
8,83 milhões, somando a destinação de dinheiro ao Diretório Nacional do PT com
doações diretas feitas à Dilma Rousseff e ao Comitê financeiro para a
Presidência da República. Entre as cinco empresas que tiveram doações
contestadas, a Gerdau foi a que enviou o maior montante à candidatura da
presidente Dilma, R$ 5,01 milhões, seguida pela Minerações Brasileiras
Reunidas, que doou R$ 2,80 milhões. A Solar Participações doou R$ 570 mil, a
Ponto Veículos, R$ 450 mil e a Saepar, R$ 250 mil.
O
advogado das contas do PT, Sávio Lobato, disse que, mesmo que as empresas
tenham excedido o limite de doações, as punições recairão sob elas, e não ao
partido. “Pela legislação, quem faz doação acima do limite é que deve ser
punido”, justifica. A resolução do TSE prevê pagamento de multa pela empresa no
valor de cinco a dez vezes a quantia extrapolada. Contudo, pode também o
candidato responder por abuso do poder econômico. As empresas que ultrapassam o
limite de doação ficam sujeitas também à proibição de participar de licitações
públicas e de firmar contratos com o poder público por até cinco anos.
Resolução
do TSE em vigor nas eleições de 2014 prevê que as doações a candidatos sejam
limitadas a 2% do faturamento bruto da empresa, levando em conta o
ano-calendário anterior à eleição. No caso dessas contas, a porcentagem é
calculada com base no faturamento de 2013. No início do mês, Mendes havia
solicitado à Receita dados contábeis de empresas que fizeram doações à campanha
de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Após a resposta, o ministro pediu
informações agora especificamente sobre as cinco empresas. “Considerando as
informações contidas no ofício (…), que revelam fortes indícios de
descumprimento do limite para doação, oficie-se, com máxima urgência, à Receita
Federal para informar, com a brevidade possível, o faturamento bruto das
empresas abaixo relacionadas”, decidiu Mendes.
Em
novembro, Mendes requisitou que as contas da presidente fossem analisadas
também por técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), da Receita Federal e
do Banco Central. A análise das contas do comitê financeiro nacional do PT e da
presidente Dilma está prevista para ser levada ao plenário do TSE nesta
segunda, dois dias antes do prazo máximo que o Tribunal tem para julgar as
prestações de contas. (Beatriz Bulla e Talita Fernandes/AE)
Segunda-feira,
08 de dezembro, 2014
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