O tesoureiro da campanha
presidencial de Dilma Rousseff, Edinho Silva, disse ontem segunda-feira, 8, ter
ficado surpreso com a decisão dos técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
de pedir ao ministro Gilmar Mendes a rejeição das contas da presidente Dilma
Rousseff. Acompanhado do presidente nacional do PT, Rui Falcão, e de advogados
da campanha, Edinho Silva afirmou que a campanha petista “seguiu rigorosamente
toda a legislação vigente e a jurisprudência do tribunal”.
Em entrevista coletiva em
Brasília, Edinho falou em “equivoco de interpretação” e rejeitou a hipótese de
ação política na recomendação. Ele acredita que o pleno do tribunal seguirá a
jurisprudência e não o parecer técnico. “Reforçamos a convicção de que
acreditamos no relator responsável pelas contas e nos ministros do TSE”,
afirmou.
Os advogados do partido
ressaltaram que informaram aos doadores sobre os limites impostos pela
legislação e que tal cuidado deve ser das empresas doadoras e não do comitê
financeiro. “A campanha não tem obrigação nenhuma de controlar isso”, ponderou
Falcão.
Edinho Silva lembrou que as cinco
empresas doaram também para a campanha do tucano Aécio Neves. “Doaram até mais
do para Aécio”, afirmou. “Do ponto de vista legal, a campanha não tem como
saber se uma doação está dentro do limite de faturamento de uma empresa ou
não”, completou.
A advogada Márcia Pelegrini
lembrou que em 2010 a campanha de Dilma também teve o mesmo problema e que o
plenário afastou qualquer hipótese de irregularidade na prestação de contas.
Para o advogado Flávio Caetano, a rejeição das contas da campanha seria algo
“inovador” no TSE e que neste caso cabe apenas a “aprovação das contas” com
ressalvas. “Seria a primeira vez que teríamos uma desaprovação de contas”,
pontuou.
Em despacho na noite de
sexta-feira, 5, o ministro Gilmar Mendes, relator no STF das contas da campanha
à reeleição de Dilma, afirmou ter visto “fortes indícios” de doação acima do
limite legal por parte de pelo menos cinco empresas ao comitê financeiro do PT.
O ministro pediu à Receita
Federal com urgência dados sobre o faturamento bruto da Gerdau Aços Especiais e
mais quatro empresas: Saepar Serviços e Participações, Solar.BR Participações,
Ponto Veículos e Minerações Brasileiras Reunidas. Juntas, as cinco empresas
doaram R$ 8,83 milhões, somando a destinação de dinheiro ao Diretório Nacional
do PT com doações diretas feitas a Dilma Rousseff e ao Comitê financeiro para a
Presidência da República.
Entre as cinco empresas que
tiveram doações contestadas, a Gerdau foi a que enviou o maior montante à
candidatura da presidente Dilma, R$ 5,01 milhões, seguida pela Minerações
Brasileiras Reunidas, que doou R$ 2,80 milhões. A Solar Participações doou R$
570 mil, a Ponto Veículos, R$ 450 mil e a Saepar, R$ 250 mil.
Resolução do TSE em vigor nas
eleições de 2014 prevê que as doações a candidatos sejam limitadas a 2% do faturamento
bruto da empresa, levando em conta o ano-calendário anterior à eleição. No caso
dessas contas, a porcentagem é calculada com base no faturamento de 2013.
O relatório indica
irregularidades que representam 4,05% do total das receitas e 13,88% das
despesas declaradas. Foram encontradas também problemas de impropriedades, de
5,22% do total de receitas. Impropriedades são consideradas de menor gravidade
pelo tribunal. (Daiene Cardoso/AE)
Terça-feira, 9 de dezembro, 2014.
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