O
fraudador não precisa mais ter acesso ao cartão de crédito para fazer gastos em
nome do verdadeiro dono. Com a disseminação dos chips e desbloqueio por senha,
as clonagens de cartão praticamente desapareceram no país. Hoje, a maioria das
fraudes acontece por meio virtual, através da utilização dos dados do dono do
cartão.
“A
fraude vai se transformando, diminui em alguns segmentos, mas aumenta em
outros. Ela acontece cada vez mais sem a necessidade da posse física do cartão
e mais por meio de operações em e-commerce, sites e aplicativos”, diz Moisés
dos Santos, diretor de risco da Visa no Brasil. “O chip inviabilizou a
possibilidade de copiar os dados, o fraudador parou de procurar cartão. Agora,
ele procura os dados do cartão pela internet.”
No
Brasil, 95% dos cartões em circulação possuem sistema de chip, segundo Ricardo
Viera, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de
Crédito (Abecs). “Nenhum país possui uma base de cartões chipados como o nosso.
Nos Estados Unidos, são raros os locais que usam chip. Eles ainda utilizam
trilha magnética. A adoção do chip reduziu violentamente a fraude no mundo
físico.”
A
mudança do perfil de fraude também alterou a forma como os golpes são
aplicados. Algumas vezes, o valor do golpe é tão pequeno que o dono do cartão
nem se dá conta. Mas até isso faz parte da nova estratégia dos fraudadores de
cartão de crédito. O plano é fazer pequenas compras apenas para testar a
validade e limite do cartão.
“Os
fraudadores fazem a validação do cartão em sites não-seguros apenas para
testar. Se conseguem realizar a compra, é bem provável que usem o cartão depois
para operações de valor mais alto”, diz Alessandra Giner, CEO do aplicativo
Pagar.me.
O
novo tipo de fraude exigiu das empresas de cartão de crédito a adoção de novos
mecanismos de controle e segurança. É que em caso de fraude, o prejuízo é
assumido pelo emissor do cartão. Uma das estratégias mais antigas de combate à
fraude se baseia no perfil de compra dos clientes. Quando uma operação foge
desse perfil, a administradora entra em contato com o dono do cartão para
confirmar se foi ele mesmo que fez o negócio.
Outra
iniciativa que vem trazendo resultados positivos é o envio de torpedos sobre a
compra. O cliente é avisado e consegue entrar em contado com a administradora
para cancelar a compra.
O
problema é que quanto mais a transação fraudulenta se parecer com as efetuadas
pelo dono do cartão, mais difícil é o combate à irregularidade. Para combater
as fraudes com cartão, as empresas passarão então a trabalhar com a validação
da compra. Ou seja, o cliente precisa reconhecer a transação para que o negócio
seja concluído.
“Estamos
trabalhando fortemente com o conceito de autenticação da compra, que vai
corresponder à presença do chip no cartão. O cliente vai mostrar que é ele
mesmo que está fazendo a operação”, afirma Santos, da Visa.
Entre
as formas de fazer a validação da compra estão a leitura biométrica,
reconhecimento facial ou utilização de token.
No
final do ano passado, o Santander, em parceria com a Mastercard e a Dafiti,
começaram a testar o Identity Check Mobile, um sistema de autenticação de
pagamentos online com o uso da biometria – seja impressão digital ou
reconhecimento facial. O objetivo é verificar a identidade do portador do
cartão, sem a necessidade de digitar a senha.
Enquanto
as empresas não adotam de forma maciça mecanismos de checagem para todas as
transações com cartão, vale seguir dicas antigas de segurança, como evitar
compras em sites desconhecidos e nunca passar seus dados para outras pessoas,
mesmo que sejam amigos ou parentes.
Domingo,
(11/03/2018)
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