Há
quatro anos, no dia 17 de março de 2014, a Polícia Federal deflagrou a operação
que revelaria um dos maiores esquemas de corrupção do Brasil. A Operação Lava
Jato unificou quatro investigações que apuravam a prática de crimes financeiros
e desvio de dinheiro público, praticados por doleiros. O nome faz referência a
uma rede de postos de combustível e lava a jato no centro da capital do país,
usada por uma das organizações criminosas para movimentar dinheiro ilícito.
O
que começou com a investigação do esquema criminoso formado por doleiros –
responsáveis por movimentações financeiras e lavagem de dinheiro – acabou se
mostrando apenas o início de um arranjo muito maior. Outros crimes começaram a
ser descobertos: tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes
públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras
preciosas, entre outros. Estima-se que o prejuízo causado aos cofres públicos
esteja na casa dos bilhões de reais.
O
avanço das investigações possibilitou a descoberta de um grande esquema de
corrupção na Petrobras, envolvendo repasse de propinas derivados de contratos
públicos celebrados por meio de fraudes em licitações. A indicação política de
agentes públicos era um dos principais facilitadores da contratação fraudulenta
de bens e serviços com sobrepreço. Houve ainda formação de cartel em vários
setores econômicos. Os contratos criminosos beneficiavam, principalmente,
empreiteiras envolvidas no esquema com diversos setores da Petrobras e
políticos de vários partidos.
Como funcionava o esquema
Há
pelo menos dez anos, grandes empreiteiras se organizavam em cartel, pagando
propina a altos executivos da Petrobras e outros agentes públicos. O valor da
“mesada”, cobrada para facilitar os negócios entre a estatal e as empreiteiras,
podia variar de 1% a 5% do montante total dos contratos bilionários e
superfaturados.
Os
preços dos contratos eram decididos em reuniões secretas, que definiam não só o
valor que seria oferecido à Petrobras, mas também quem ganharia a licitação. O
dinheiro era então repassado aos beneficiários pelos doleiros, como os
investigados na primeira fase da operação, por meio de transferências no
exterior ou pagamentos de bens. A lavagem de dinheiro acontecia por
movimentação no exterior e por meio de contratos simulados com empresas de
fachada.
Para
que as empreiteiras certas ganhassem as licitações, funcionários da Petrobras
eram aliciados. Eles restringiam os convidados, incluindo a ganhadora entre as
participantes. Contratações eram aceleradas com a omissão de etapas relevantes
para o processo. Além disso, funcionários ainda vazavam informações sigilosas.
De
acordo com o Ministério Público Federal (MPF), partidos políticos eram
beneficiados de acordo com as indicações ao diretores da Petrobras, que
facilitavam a execução do esquema criminoso. A participação de representantes
de várias siglas foi citada em delações premiadas.
As
investigações apontaram para três diretorias dentro da Petrobras em que o
esquema se tornava mais evidentes: de Abastecimento, ocupada por Paulo Roberto
Costa entre 2004 e 2012, de indicação do PP, com posterior apoio do PMDB; de
Serviços, ocupada por Renato Duque entre 2003 e 2012, de indicação do PT; e
Internacional, ocupada por Nestor Cerveró entre 2003 e 2008, de indicação do
PMDB.
Domingo,
18 de março, 2018 ás 00:05
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