Uma
tentativa de assalto levou o motorista de aplicativos Carlos Eduardo de Jesus a
procurar maneiras de se sentir mais seguro em seu carro. A solução encontrada
foi comprar uma arma de choque (também chamada de taser) para acompanhá-lo nas
viagens diárias. De cor preta e um pouco maior que um smartphone, o item
assemelha- se a uma maquininha de cortar cabelos e conta com uma lâmpada de
LED.
Seu
choque pode atingir 29 000 volts e para acioná-lo é preciso destravar uma
pequena alavanca e pressionar um botão. “Ando com ela na cintura ou no meio das
pernas”, revela o motorista. “Alguns passageiros chegam a pensar que estou
armado, mas eu digo que é uma lanterna. ” Apesar de algumas empresas ameaçarem
de expulsão o colaborador que porta esse tipo de equipamento (caso da Uber), o
objeto tornou-se assunto frequente nos fóruns on-line de motoristas da
categoria, temerosos por sua segurança.
As
mulheres também figuram entre os usuários da maquininha elétrica. A estudante
Amanda Silva, por exemplo, optou por andar com o também chamado “choquinho” por
temer assaltantes e assediadores. “Às vezes, saio do trabalho por volta das 23
horas e não há ninguém no ponto de ônibus”, diz. “Então coloco a arma no bolso
e fico com o dedo nos botões. ” O aparelho é emprestado por um colega com quem
divide o apartamento. O transexual M.S., que pediu para não ser identificado,
comprou uma arma de choque após sentir-se ameaçado durante o período das
últimas eleições presidenciais. “Se algo acontecer, eu não vou usá-la para ser
violento. A ideia é dar um susto e sair correndo”, diz.
A
facilidade de encontrar essa arma tem uma razão: diferentemente das pistolas
que acertam o alvo a distância por meio de um dardo energizado (exclusivas de
órgãos de segurança ou empresas que possuem registro no Exército), os tasers
que são disfarçados de lanternas, maquininhas, batons e toda sorte de bugiganga
não têm venda controlada pelo Exército e, por isso, podem ser comercializados
livremente no país.
De
acordo com as Forças Armadas, não há nenhum tipo de previsão quanto ao seu
controle. Mesmo que o taser não seja desenvolvido para matar, o seu uso não é
livre de consequências. Quem levou o choque diz que a dor chega a provocar
dormência muscular. “Pode causar arritmia, parada cardíaca ou problemas em
aparelhos do tipo marca-passo em algumas pessoas”, diz o médico Nabil Ghorayeb,
chefe de seção do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. (VEJA)
Sábado,
09 de fevereiro, 2019 ás 00:05
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