O
presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quinta-feira (5), o projeto de lei de
abuso de autoridade, com 36 vetos em 19 artigos, como a restrição ao uso de
algemas. Agora os vetos do presidente precisam ser analisados pelo Congresso
Nacional, que pode derrubá-los.
Entre
os vetos, estão um dispositivo que previa, como pena substitutiva à prisão, a
proibição de o agente público exercer funções de natureza policial ou militar
no município em que o crime tiver sido praticado e onde residir o envolvido. A
justificativa é que isso fere o princípio constitucional da isonomia, podendo
inclusive “prejudicar as forças de segurança de determinada localidade”.
Também
foi barrado o trecho de um artigo que estabelecia como crime decretar prisão
“em manifesta desconformidade com as hipóteses legais”. O dispositivo também
estabelecia como infração a situação em que a autoridade, dentro de prazo
razoável, não concedesse habeas corpus, não relaxasse prisão manifestamente
ilegal ou não substituísse a detenção preventiva por medida cautelar diversa,
quando a lei assim o exigir.
Para
Bolsonaro, se o dispositivo não fosse vetado, haveria “insegurança jurídica por
se tratar de tipo penal aberto e que comportam interpretação, o que poderia
comprometer a independência do magistrado ao proferir a decisão pelo receio de
criminalização da sua conduta”.
O
artigo número 11 foi integralmente vetado, e tinha objetivo de criminalizar o
agente que executasse a prisão ou busca e apreensão de pessoa que não esteja em
situação de flagrante delito ou sem ordem escrita de autoridade judicial. Nas
razões do veto, Bolsonaro argumentou que esses itens também geravam insegurança
jurídica, “tendo em vista que há situações que a flagrância pode se alongar no
tempo e depende de análise do caso concreto”.
Um
outro inciso vetado definia como crime o constrangimento do preso pela
autoridade, mediante violência ou grave ameaça, a produzir prova contra si
mesmo ou contra terceiro. “A propositura legislativa gera insegurança jurídica,
pois o princípio da não produção de prova contra si mesmo não é absoluto como
nos casos em que se demanda apenas uma cooperação meramente passiva do
investigado”, justificou o presidente.
Mais
cedo, Bolsonaro disse que, apesar dos vetos, “o espírito do projeto será
mantido”. Ele negou que, com a decisão, esteja “afrontando o Parlamento” ou
fazendo “média com a população”.
“Queremos
combater o abuso de autoridade, mas não podemos aplicar um remédio
excessivamente forte que vá matar o paciente”, afirmou, em cerimônia de
lançamento de um programa para a implementação de escolas cívico militares no
Brasil.
O
projeto endurece as punições por abuso de autoridade de agentes públicos,
incluindo juízes, promotores e policiais. Bolsonaro tinha até esta quinta-feira
para apresentar sua decisão.
Críticos
do texto, que foi aprovado pelo Congresso em 14 de agosto, dizem que ele pode
inviabilizar investigações do Ministério Público e da Justiça Federal. Já os
parlamentares que apoiaram o projeto dizem que ele visa coibir abusos cometidos
por esses órgãos.
Em
seu discurso na manhã desta quinta, Bolsonaro disse querer que os órgãos de
investigação e o Judiciário possam combater a corrupção, mas afirmou que
“muitas vezes” o Ministério Público o perseguiu. “O MP que muitas vezes me
perseguiu, e não foram poucas vezes. Eu sou réu no STF por um caso desses”,
afirmou.
O
presidente afirmou em seu perfil no Twitter na noite de ontem (4) que acatou
integralmente as sugestões de vetos feitas pelos ministros da Justiça Sergio
Moro, André Mendonça da Advocacia-Geral da União (AGU), Wagner Rosário da
Controladoria-Geral da União e da Secretaria-Geral da Presidência da República
Jorge Oliveira. (DP)
Quinta-feira,
05 de setembro ás 19:42
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