Com
certo atraso, para não variar, a Petrobras admite o que o mundo dos negócios de
todo o planeta já sabia: ela está, sim, sendo investigada pela SEC (Securities
and Exchange Commission), órgão que regula o mercado de capitais nos EUA. A
razão? Os escândalos de corrupção que vieram à tona com a Operação Lava Jato.
Aliás,
essa não é a única investigação em curso. A empresa também está na mira de
órgão do Departamento de Justiça americano. Quando a notícia veio a público há
pouco mais de uma semana, o que fez a estatal brasileira? Tentou negar o óbvio.
Agora, não dá mais. Aliás, o comando da empresa negava sistematicamente que
houvesse corrupção em suas operações, como sabemos. Dilma só admitiu a
existência da safadeza há modestos 38 dias.
E
por que uma empresa brasileira pode ser investigada por um órgão americano?
Porque ela negocia ações na Bolsa de Nova York, condição essencial de uma
empresa de seu porte e que tem de se financiar no mercado internacional. Todas
as empresas que querem ter essa prerrogativa têm de se submeter à SEC, que é
levada terrivelmente a sério por lá.
Agora
a direção da estatal admite que vai enviar àquele órgão regulador dados de uma
auditoria independente encomendada a dois escritórios: o brasileiro Trench,
Rossi e Watanabe e o americano Gibson, Dunn & Crutcher. Há alguns dias, o
comando da Petrobras chegou a negar que a contratação dessas duas empresas
tivesse alguma relação com a investigação da SEC.
Esses
dois escritórios se dizem ainda especialistas em leis anticorrupção, em especial
a FCPA (Foreign Corrupt Practice Act), que pune severamente empresas
estrangeiras que negociam ações nos EUA e praticam corrupção.
Tudo
indica que há gente na Petrobras que ainda não percebeu que a empresa não pode
ser tratada como o quintal da casa da mãe joana. Já não adianta tentar tapar o
sol com peneira. A questão da corrupção ganhou dinâmica própria. De resto, não
se deve confundir a SEC ou as regras da FCPA com uma CPI de cartas marcadas no
Brasil. A coisa subiu de patamar.
(VEJA
online)
Terça-feira,
25 de novembro, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário