O
telefone celular do presidente da República, Jair Bolsonaro, foi alvo da ação
do grupo suspeito de invadir ao menos mil linhas telefônicas, incluindo a de
várias autoridades públicas, como o ministro da Justiça e Segurança Pública,
Sergio Moro.
Em
nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Polícia
Federal (PF) comunicou que aparelhos celulares utilizados pelo presidente foram
alvos de ataques pelo grupo de que fazem parte os quatro suspeitos presos na
terça-feira (23/07).
De
acordo com o ministério, o fato está sendo tratado como uma questão de
segurança nacional e Bolsonaro foi imediatamente comunicado.
Na
terça-feira, a PF deflagrou a chamada Operação Spoofing, que apura a suspeita
de crimes cibernéticos. Foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e
sete de busca e apreensão autorizados pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira,
titular da 10ª Vara Federal de Brasília, que afirmou haver, nas informações
iniciais apresentadas pela PF, “fortes indícios de que os investigados integram
organização criminosa”.
O
cumprimento dos mandados resultou na prisão de Danilo Cristiano Marques,
Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Walter Delgatti
Neto. Ao pedir a detenção dos quatro, a PF apresentou “um histórico de possíveis
crimes” que os investigados teriam praticado em conjunto” para “violar o sigilo
telefônico de diversas autoridades públicas brasileiras via invasão do
aplicativo Telegram”.
Ao
autorizar as prisões temporárias, a realização de busca e apreensões em
endereços ligados aos investigados, bem como a quebra do sigilo fiscal e de
comunicações e o bloqueio de bens dos suspeitos, o juiz Vallisney de Souza
Oliveira afirmou que as prisões temporárias dos investigados pelo prazo de
cinco dias são essenciais para a obtenção de provas.
Ontem,
a PF informou à imprensa que ao menos mil diferentes números telefônicos podem
ter sido alvo dos suspeitos de hackear o aplicativo de mensagens Telegram do
ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e de outras autoridades,
entre elas o ministro da Economia, Paulo Guedes.
"Aparentemente,
mil números telefônicos diferentes foram alvo desse mesmo modus operandi dessa
quadrilha. Há possibilidade, ainda não temos uma identificação e nem começamos
a fazer isso, mas há possibilidade de um número muito grande de possíveis
vítimas desse mesmo tipo ataque que está sendo investigado agora", disse o
coordenador geral de Inteligência da PF, João Vianey Xavier Filho, explicando
que os números telefônicos supostamente atacados ainda serão identificados para
que os investigadores possam aferir a extensão exata dos ataques.
Ainda
hoje, a PF deve encaminhar um ofício para o presidente da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) solicitando uma reunião para buscar formas de sanar
as fragilidades encontradas na investigação.
De
acordo com a PF, a investigação é conduzida desde o mês de abril, quando
procuradores da Força Tarefa da Lava Jato passaram a relatar algumas ligações
recebidas em seus aparelhos originadas do próprio número. Em junho, Moro e
outras autoridades informaram ocorrência semelhante.
Parte
das conversas que o ministro Sergio Moro manteve com procuradores da Força
Tarefa Lava Jato quando ainda era juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba,
responsável por julgar as denúncias apresentadas no âmbito da Lava Jato, foi
repassada ao site de notícias The Intercept Brasil, que decidiu tornar público
as informações que considera ser de interesse público. Segundo os sites, os
arquivos foram entregues a jornalistas do veículo por uma fonte anônima. A
Constituição brasileira assegura aos jornalistas o direito de não revelar suas
fontes.
Ontem,
pouco antes de seu cliente, Gustavo Henrique Elias Santos, prestar depoimento,
em Brasília, o advogado Ariovaldo Moreira revelou a jornalistas que Santos
confirmou ter recebido de outro dos suspeitos presos, Walter Delgatti Neto,
pelas redes sociais, imagens de uma suposta mensagem enviada pelo então juiz
federal Sergio Moro a outras autoridades públicas.
“Segundo
Gustavo, Walter mostrou a ele algumas interceptações de uma autoridade há algum
tempo. Essa autoridade era o hoje ministro da Justiça e Segurança Pública,
Sergio Moro, mas Gustavo negou qualquer envolvimento com a interceptação dessas
mensagens. E, inclusive, chegou a alertar Walter que aquilo lhe causaria
problemas”, declarou o advogado, acrescentando que Gustavo não se recorda da
data exata em que Walter lhe enviou cópia das mensagens. (ABr)
Quinta-feira,
25 de julho, 2019 ás 11:00
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