Na
abertura da reunião no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na sexta-feira, (03/01),
o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, voltou a afirmar que a
criação do juiz de garantias não gerará aumento de custos e de trabalho ao
Judiciário, argumentando que o CNJ já está fazendo estudos para orientar os
tribunais na implantação da lei.
“Não
há que se falar em aumento de custo e de trabalho. É uma questão de organização
interna”, disse Toffoli, antes da reunião do Conselho.
Na
presidência simultânea do Supremo e do CNJ, Toffoli é a vaidade personificada.
Foi ele quem sugeriu que o Planalto não vetasse a criação do juiz de garantias,
dizendo que não haverá aumento de custos e que a Justiça será exercida com
menos erros. Mas é apenas ilusão à toa, como diria o compositor Johnny Alf.
Na
verdade, o ministro Toffoli não procura estudar em profundidade essas
fundamentais mudanças. Deu tanta importância ao caso do juiz de garantias que
nem sabe informar se falou diretamente com o presidente Bolsonaro ou se deu
essa sugestão ao ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência,
aquele major da PM de 48 anos, que se formou em Direito nas horas vagas e hoje
diz ser “jurista” – quer dizer, nem sabe o que significa esta honrosa
expressão.
O
ministro Toffoli, o presidente Bolsonaro e o jurista Oliveira pensam (?) que
não haverá custos, mas estão totalmente enganados. As Associações de
Magistrados e os presidentes de vários Tribunais de Justiça já manifestaram
preocupação com esse aumento de despesas, que será vultoso.
O
motivo é simples. Há décadas os juízes conquistaram o direito à remuneração por
qualquer trabalho extraordinário. É por isso que a grande maioria dos
magistrados recebe acima do teto constitucional. O maior exemplo é “cobrir
férias” de outro juiz.
Como
se sabe, todo magistrado tem direito a duas férias anuais de 30 dias. Sempre
que um deles sai de férias ou tira licença para tratamento de saúde, o juiz que
o substitui ganha salário em dobro, apesar de pouco fazer, porque a praxis é
apenas despachar as decisões de caráter urgente.
É
claro que os juízes que assumirão o papel de garantias (ou juizado de
instrução, como se diz na França) estarão fazendo serviço extraordinário,
especialmente aqueles que comandam sozinhos 40% das comarcas do país, julgando
ações criminais, cíveis, de família, orfãos e sucessões…
O
ministro Toffoli, o presidente Bolsonaro e o jurista Oliveira querem mesmo que
esses juízes, que já estão sobrecarregados, assumam as investigações criminais
de outras comarcas (serviço extra), sem receber gratificação? Mas é claro que
isso não acontecerá, conforme o ministro Sérgio Moro está cansado de
esclarecer.
Num
momento de grave crise financeira, os três Podres Poderes cantados por Caetano
Veloso querem aumentar despesas sem a indispensável indicação da fonte de
receita, descumprindo a Constituição. Assim, em tradução simultânea, podemos
dizer que a irresponsabilidade abunda.
Tribuna da internet
Sábado,
04 de Janeiro, 2020 ás 11:00
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