O
programa Bolsa Família, que em 2018 atendia 494 mil unidades familiares de
renda acentuadamente baixa, agora em 2020 mais que dobrou em matéria de
pedidos, uma vez que a fila de espera hoje é de 1 milhão e 200 mil famílias.
Reportagem de Pedro Capetti e Elisa Martins, em O Globo de segunda-feira,
destaca nitidamente o aumento da pressão social. E acrescente-se que o Bolsa Família
oferece 89 reais por pessoa. A matéria assinala que a média mensal de concessão
está hoje em 56,00.
Portanto,
a tendência é a fila crescer cada vez mais, porque o atendimento está muito
aquém da pressão social para obter esse pequeno pagamento mensal.
O
programa era inclusive um ponto importante – diz a matéria – para erradicação
da pobreza em sua pior dimensão. Talvez, penso eu, o crescimento da
reivindicação seja uma das graves consequências do elevado nível de desemprego.
O programa funciona desde 2004. O rendimento médio por unidade familiar
situa-se em torno de 190 reais mensais, como se vê, menos do que 1/4 do salário
mínimo nacional.
Pedro
Capetti e Elisa Martins obtiveram os dados pela Controladoria Geral da União,
uma vez que o ministério da Cidadania só liberou a informação quando foi
determinado pela CGU. Paralelamente estima-se existir no país 13 milhões de
miseráveis, cuja renda mensal é insignificante.
A
despesa com o Bolsa Família cresceu porque o governo Bolsonaro estendeu um 13º
salário para as famílias inscritas. O problema da miséria no Brasil avança na
medida em que o tempo passa. Basta comparar o que era o Bolsa Família em 2018,
depois de 14 anos cresceu de forma impressionante.
Na
verdade, o meio eficaz, talvez único capaz de enfrentar firmemente o drama da
pobreza extrema é a reativação do mercado de trabalho. O problema tem raiz
implantada na falta de educação, sobretudo a educação profissional capaz de
atender à demanda de profissionais habilitados. Mas isso demora no mínimo 50
anos para fazer efeito na escala social.
É
preciso antes desse meio século resolver-se pelo menos o desafio da fome e da
miséria.
Pedro
do Coutto/Tribuna da internet
Terça-feira,
28 de janeiro, 2020 ás 11:00
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