Por:
Reinaldo Azevedo ==
Lula compareceu à posse do novo presidente do sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, nesta quarta. Foi lá que aquele que viria
a ser presidente da República começou a sua carreira política. O evento serviu
como um ato de desagravo ao líder que estaria sendo vítima de uma conspiração
das elites e da imprensa — mais uma vez, essa história cretina. Petistas,
pcdobistas, cutistas e militantes do MST e da UNE gritaram: “Um, dois, três, é
Lula outra vez”. Ou ainda: “Lula é meu amigo; mexeu com ele, mexeu comigo”…
Certo!
Antes que avance, pergunto: o que é “mexer com Lula”?
Noticiar que Marcos Valério deu um depoimento ao Ministério Público e o acusou
de beneficiário pessoal do esquema do mensalão? Noticiar que, segundo o
ex-operador da lambança, ele sempre soube de tudo e até participou da
celebração de alguns acordos? Os “lulistas” deveriam cobrar a traição — ou,
como querem, “a mentira” — de seu ex-amigo; daquele que transitava com tanta
desenvoltura nos bastidores do poder que marcava reuniões com diretores do
Banco Central como quem diz “hoje é quarta-feira”; daquele que garantia o fluxo
de dinheiro para os parlamentares da base aliada. Eles fizeram acordo com
Valério, não seus críticos.
O que é “mexer com Lula”? Deflagrar a “Operação Porto
Seguro”? Bem, os valentes poderiam ir lá protestar às portas da Polícia
Federal, tantas vezes exaltadas nos 10 anos de governo petista como exemplo de
instituição que funciona. Ou não funcionou desta vez porque chegou
perigosamente perto da “Suprassantidade”? O que é “mexer com Lula”? Noticiar os
desdobramentos dessa operação? Ou, então, a oposição pedir investigação?
Avancemos. A posse do companheiro sindicalista serviu de
pretexto para o ato de desagravo. E Lula discursou por quarenta minutos. Quem
falou? Teria sido aquela “fonte permanente a jorrar sabedoria, temperança,
prudência, paz, entendimento, união, generosidade, inclusão…”? Claro que não!
Pela simples e óbvia razão de que Lula não é isso. Ele é um político, não o
super-homem.
Texto
originalmente publicado nesta quarta às 23h07
Por Reinaldo
Azevedo para revista Veja
Quinta-feira
20 de dezembro
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