Agência Estado =
Deputados trabalham para que comissão da Assembleia Legislativa do Estado não convoque pessoas próximas ao governador tucano
Aliados do governador de Goiás, Marconi
Perillo (PSDB), operam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) "chapa-branca" na Assembleia Legislativa do Estado para investigar
os desdobramentos da Operação Monte Carlo.
Os deputados negam a intenção de
fazer uma apuração mais contida, mas dizem não ver motivos para convocar
pessoas próximas a Perillo que foram afastadas do governo após denúncias.
Um exemplo é a ex-chefe de gabinete do
governador, Eliane Pinheiro, flagrada em escutas da operação. Segundo a Policia
Federal, ela recebia informações sigilosas de operações policiais e repassava
aos investigados.
"Eu, por exemplo, não chamaria a Eliane,
ex-chefe de gabinete. Ao que consta, ela fez uma ligação ao prefeito de Águas
Lindas para avisá-lo de que estaria acontecendo uma operação policial no
município", sustentou o deputado Helder Valin (PSDB), líder do governo.
Lembrado de que Eliane foi uma das pessoas que ganharam do grupo do
contraventor Carlinhos Cachoeira um rádio Nextel que pensavam ser à prova de
grampo, Valin emendou: "São 60 rádios. Pelo menos a informação que chegou
pela imprensa. Nós teríamos que chamar as 60 pessoas que tinham esse
rádio?"
Em relação a Edivaldo Cardoso, ex-presidente
do Detran que deixou o cargo por suspeita de ligação com Cachoeira, Valin
começou a isentá-lo - "Não vi diretamente alguma coisa que..." -, mas
logo mudou o discurso. "Olha, também não vejo nenhum problema de chamá-lo.
Quem não deve não teme."
O parlamentar, no entanto, fez questão de
ressaltar que, como líder do governo, não fará parte da CPI e que, portanto, os
nomes a serem convocados não dependem dele.
O deputado negou informação relatada por duas
pessoas de que, em reunião com oito deputados da oposição, havia proposto que
abrandassem o discurso em troca de que prefeitos de cidades importantes
comandadas pelo PT e pelo PMDB não fossem convocados à comissão.
"Não,
essa conversa nunca existiu. Conversei em plenário com alguns deputados sobre
alguns possíveis procedimentos da CPI, mas foi uma conversa informal, em tom de
brincadeira."
Deboche. O deputado Luis César Bueno (PT/GO)
afirma que aliados de Perillo trabalham para tirar da CPI o foco em questões
estaduais para levá-lo às prefeituras de oposição, o que fez o petista
sustentar que a comissão corre o risco de virar uma "CPI do deboche".
"Essa CPI chapa-branca, da forma como está estabelecida, pode ser a CPI do
deboche, porque está tentando focar contratos da empresa Delta com as
prefeituras e tirar do foco as autoridades constituídas do Estado que estão
ligadas ao crime organizado", sustenta. "Os deputados desta Casa
enfatizam muito que vão investigar as prefeituras, principalmente as comandadas
pelo PT e pelo PMDB".
Bueno diz que a vontade da oposição de
convocar autoridades estaduais para depor deve ser barrada pela maioria
governista. "Vamos para a CPI para convocar as autoridades do Estado,
principalmente as que foram presas ou estão sendo investigadas. Mas como não
temos maioria, acreditamos que os nossos requerimentos podem não ser
aprovados." A CPI escolherá relator e presidente nesta semana.
Postado pelo Editor
Nenhum comentário:
Postar um comentário