O Globo
/ Ailton de Freitas =
Depoente afirma à CPI que ele, e não o governador de Goiás, vendeu o imóvel
O ex-presidente da Câmara Municipal de
Goiânia, Wladimir Garcez, contradisse a versão do governador de Goiás Marconi
Perillo (PSDB) para explicar a venda de uma casa em condomínio de luxo, que
serviu ao contraventor Carlinhos Cachoeira. Garcez afirmou à CPI do Congresso
que comprou a casa por R$ 1,4 milhão, com dinheiro que pediu emprestado ao
ex-diretor da Delta Centro-Oeste, Cláudio Abreu, e a Carlinhos Cachoeira. O
governador sustenta que vendeu o imóvel para o empresário Walter Paulo, um dos
homens mais ricos de Goiás, e que o ex-vereador serviu apenas de intermediário
no negócio.
O governador me disse que estava
vendendo sua casa. Eu conhecia a casa e queria adquiri-la. Eu não dispunha, na
época, do dinheiro. Então, pedi ao Cláudio, meu patrão, e ao Carlinhos que me
emprestassem R$1,4 milhão, para eu repassar ao governador — afirmou Garcez à
CPI.
O ex-vereador disse que a casa só foi repassada a Walter Paulo, dono da
Faculdade Padrão, por não ter conseguido o dinheiro para acertar os empréstimos
contraídos junto a Cláudio Abreu para a compra. Segundo Garcez, Abreu o
pressionava para acertar os empréstimos.
O ex-diretor da Delta teria repassado
ao vereador três cheques que ele não se lembra de quem eram. Para a CPI, o
ex-vereador, preso há 86 dias, afirmou que trabalhava como consultor da Delta e
de Cachoeira, recebendo por mês R$ 20 mil e R$ 5 mil, respectivamente.
— Comprei a casa do governador e pedi um
prazo. Eu a ofereci ao professor Walter Paulo, que ficou de pensar. Mostrei a
casa ao professor, e ele disse que só tinha como pagar em julho, e que, se até
lá, eu não a tivesse vendido para outro, ele ficaria com ela por esse valor de
R$1,4 milhão. (…) Eu a vendi pelo valor de R$1,4 milhão. Recebi em dinheiro e
repassei ao Cláudio, quitando, assim, a dívida dos três cheques — explicou o
ex-vereador.
À CPI, o delegado da Operação Monte Carlo,
Matheus Mella Rodrigues, afirmou que a casa foi paga com três cheques nominais
a Perillo, assinados pelo sobrinho de Carlinhos Cachoeira. Garcez disse que
Cláudio Abreu lhe forneceu três cheques: dois, de R$ 500 mil e, outro, de R$
400 mil, entre os meses de março, maio e junho de 2011. Disse ainda que o
dinheiro foi entregue a Lúcio, assessor do governador.
No começo deste mês, em resposta ao GLOBO,
Marconi Perillo informou que “inicialmente, ele (Garcez) demonstrou interesse
em adquirir o imóvel. Depois, disse que havia atuado como intermediário à venda
ao professor Walter Paulo”.
Segundo Garcez, ele repassou a casa ao
professor Walter Paulo porque temia perder o emprego na Delta, devido à dívida
com Cláudio Abreu. Ao final, disse, acabou faturando uma comissão de R$ 100 mil
paga pelo professor. O ex-vereador também apresentou uma versão para a
temporada que Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, passou na casa do
governador.
Disse que pediu a casa emprestada a Walter Paulo para que Andressa
lá ficasse até que seu próprio imóvel, no mesmo condomínio, estivesse pronto. A
tal casa de Andressa teria sido comprada pelo suplente do senador Demóstenes
Torres, Wilder Morais, ex-marido de Andressa e secretário de Infraestrutura de
Marconi Perillo. Mas, segundo Garcez, Andressa “foi ficando” na antiga casa do
governador.
Nesta quinta-feira, o professor Walter Paulo
Santiago encaminhou uma carta ao presidente da CPI, senador Vital do Rêgo
(PMDB-PB), na qual corrobora a versão apresentada pelo governador. Ele diz que
o negócio foi concretizado em moeda corrente para Lúcio Fiúza, homem de
confiança de Marconi, no dia 12 de julho, e para o próprio Garcez. “Importante
registrar que o mesmo recebeu o numerário a ser entregue ao antigo
proprietário”, diz o professor na carta.
Ele informa, no documento, que em nenhum
momento esteve pessoalmente com o governador para negociar ou pagar pelo
imóvel. Tudo teria sido feito pela intermediação do ex-vereador.
Santiago
diz que emprestou o imóvel a Garcez porque este lhe contou que precisava de um
lugar para uma amiga. Os dois teriam acertado devolver o imóvel no fim de 2011,
mas a data acabou se estendendo até fevereiro deste ano.
Sexta –
feira 25/5/2012 ás 11:20h
Postado
pelo Editor
Nenhum comentário:
Postar um comentário