Fundo Partidário cresce e ganha
importância como fonte de receita para as siglas em 4 anos; no período, cada
voto para deputado rende R$ 12
Os chamados "puxadores de
voto" nunca valeram tanto para seus partidos. Ao final dos quatro anos
entre 2011 e 2014, os 20 deputados federais mais votados na última eleição
terão rendido R$ 94 milhões em cotas do Fundo Partidário, alimentado com
recursos do governo federal.
Celebridades, ex-governadores ou
parentes de detentores do poder, os "puxadores de voto" sempre foram
cortejados pelos partidos porque os ajudavam a ampliar suas bancadas - pelas
regras do sistema eleitoral brasileiro, um candidato pode eleger a si próprio e
também a outros colegas de legenda ou de coligação. O assédio aos campeões de
votos tem, no entanto, uma segunda motivação: dinheiro.
Quanto mais votos uma legenda
obtém na disputa pela Câmara, mais recebe do Fundo Partidário - fonte de
recursos públicos que terá R$ 313 milhões em caixa em 2014 e que cresceu 135%
acima da inflação desde 1996.
O PR, por exemplo, emplacou em
2010 os deputados mais votados em São Paulo (Tiririca) e no Rio (Anthony
Garotinho). Apenas com os 2 milhões de votos desses dois, o partido conseguiu
engordar sua conta bancária em quase R$ 25 milhões entre 2011 e 2014.
Na prática, ao votar em um
candidato a deputado, o eleitor faz uma doação indireta - e quase sempre
ignorada - a seu partido. Nos últimos quatro anos, somados, essa contribuição
compulsória foi de R$ 12 por eleitor - no período, o Fundo Partidário
distribuiu R$ 1,2 bilhão.
Nem sempre o fundo teve tantos
recursos. Entre 1996 e 2010, seu valor médio (corrigido pela inflação) ficou em
torno de R$ 160 milhões. Desde 2011, saltou para R$ 303 milhões. Isso aconteceu
porque, naquele ano, o Congresso decidiu ampliar em R$ 100 milhões a dotação
orçamentária do fundo. Na prática, como o Estado noticiou na época, houve uma
"estatização" de dívidas da campanha de 2010, que acabaram pagas com
recursos públicos.
Mesmo bancando parte das
campanhas, a siglas costumam ter "lucro" com os principais
candidatos. Tiririca, por exemplo, recebeu R$ 664 mil do PR na campanha
eleitoral de 2010, e seus votos renderam R$ 16,3 milhões em quatro anos -
2.358% a mais.
Nomes. Em 2014, Tiririca repete o
papel de "puxador de voto" do PR paulista. No Rio, a aposta é na
filha de Garotinho, Clarissa. Em São Paulo, o PSDB pode ter como destaque na
lista de candidatos à Câmara o ex-governador e ex-presidenciável José Serra. O
partido aposta ainda em nomes do secretariado do governador Geraldo Alckmin,
como Bruno Covas e José Aníbal. Em outros Estados, a expectativa é eleger
estrelas do voleibol - o técnico Bernardinho, no Rio (que chegou a ser sondado
para disputar o governo fluminense), e os ex-jogadores da seleção Giba e
Giovani, no Paraná e em Minas, respectivamente.
Florisvaldo Souza, secretário de
Organização do PT, disse que a sigla não costuma investir em nomes de
celebridades, e sim nos quadros já firmados. Segundo ele, deputados que
disputam a reeleição costumam ser os maiores puxadores de voto.
O PSB espera que o ex-jogador
Romário faça sucesso nas urnas do Rio. O partido também acredita que João
Campos, filho do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, vai ter uma votação
expressiva no Estado.
Daniel Bramatti e Isadora Peron -
O Estado de S.Paulo
Domingo, 09 de fevereiro de 2014.
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