Segundo análise do jornal Valor
Econômico sobre os números do PAC, menos de 20% dos projetos de mobilidade
urbana com apoio financeiro da União estão efetivamente em obras ou já foram
concluídos. O baixo índice de execução demonstra a dificuldade do setor público
em atender o clamor das ruas e dar uma resposta ágil às manifestações de junho
do ano passado, que tiveram a má qualidade dos transportes públicos como um dos
alvos principais.
De 229 projetos de mobilidade com
investimentos federais, em grandes e médias cidades, o novo balanço do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC 2) indica que só 47 - em 14 municípios - têm
alguma obra em andamento. Apenas seis projetos já foram inaugurados. Uma lista
infindável de anúncios não conseguiu sair do papel e está em fase de licitação
ou, pior ainda, na elaboração de estudos de viabilidade econômica e de
engenharia.
A lentidão nos avanços contrasta
com a rapidez com que a presidente Dilma Rousseff anunciou um "pacto da
mobilidade", em reação às manifestações populares, com investimentos
adicionais de R$ 50 bilhões em transportes. O governo já tinha outros programas
em curso, como as duas versões do PAC Mobilidade - um para grandes cidades (com
mais de 700 mil habitantes) e outro para médias cidades, além do PAC da Copa.
Na prática, tornou-se difícil identificar qual obra está vinculada a cada
programa.
Não faltam exemplos de projetos
grandiosos que estão, aos olhos dos passageiros, na estaca zero -
independentemente de um ou outro avanço na realização de estudos. A ampliação
do metrô de Brasília, com cinco novas estações e recursos garantidos de quase
R$ 700 milhões, patina há dois anos. Veículos leves sobre trilhos (VLTs) em
capitais do Nordeste, como em João Pessoa e Maceió, estão parados. Corredores
exclusivos de ônibus, que deveriam cortar cidades de médio porte como
Piracicaba (SP) e Uberlândia (MG), também ficaram no papel e frustraram a
população.
Segundo editorial de hoje do
Estadão, no eixo de transportes, um dos mais importantes para a política de
desenvolvimento econômico, foram aplicados R$ 43,8 bilhões, destinados a 3.080
quilômetros de rodovias concluídos em todo o País. O relatório registra obras
em andamento em 6.915 quilômetros de estradas. A soma das duas parcelas - a
concluída e aquela ainda em execução - dá 9.995 quilômetros. Só se terminou,
portanto, uma fração correspondente a 30,81% das obras iniciadas no setor
rodoviário. Isto é apenas mais um dos muitos pormenores feios do balanço.
O conjunto reforça uma velha
suspeita, renovada a cada balanço: mais que um nome de fantasia, Programa de
Aceleração do Crescimento é um nome fantasioso. Não é programa nem acelera
crescimento nenhum, encerra o editorial do Estadão.
Quinta-feira, 20 de fevereiro, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário