"A lei e a
ordem são o primeiro pré-requisito da civilização e em grande parte do mundo
elas parecem estar evaporando." A observação, feita há cerca de 20 anos
pelo professor da Universidade Harvard Samuel P. Huntington, no clássico O
Choque das Civilizações, mostra-se pertinente para uma avaliação do atual
estado da humanidade.
A ideia ganha
consistência quando se puxam para o cenário as manifestações turbulentas em
várias cidades do mundo, na onda de conflitos entre grupos étnicos, gangues de
jovens, turbas desfraldando a bandeira de um nacionalismo xenófobo, situações
que forçam a expansão de partidos de extrema direita, principalmente na Europa.
Ressentem-se todos das instituições políticas, que não conseguem dar vazão às
demandas sociais, e brandem a arma do ódio contra o outro, o estrangeiro, o não
europeu, notadamente a comunidade muçulmana. Há quem garanta, como o professor
britânico Jamie Bartlett, pesquisador do Instituto Demos e principal autor de
um estudo sobre os grupos radicais de extrema direita na Europa, que o
continente vive um impasse: deixar de ser caixa de ressonância das liberdades
para se transformar em bastião do autoritarismo, ancorado nos eixos do
ultranacionalismo, da islamofobia e do antissemitismo, entre outros.
Um horror! Em
seis anos de guerra foram assassinados 6 milhões de judeus - incluindo 1,5
milhão de crianças -, representando um terço da comunidade judaica da época.
Foram massacrados também comunistas, ciganos, deficientes, homossexuais,
testemunhas de Jeová, doentes psiquiátricos e sindicalistas.
Imaginar que por
esse mundão afora haja fanáticos que ainda hoje aplaudem um dos maiores
genocídios da História é apostar na hipótese de Samuel P. Huntington: nas
esquinas do mundo desenha-se o paradigma do "puro caos".
GAUDÊNCIO TORQUATO - O Estado de
S.Paulo
Domingo,02 de fevereiro, 2014.
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