O
relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que comprovou as “pedaladas
fiscais” não agradou nem um pouco o governo Dilma Rousseff, que já faz pressão
para evitar a aprovação integral do texto da investigação, conduzida pelo
ministro José Múcio, em que o Tribunal retrata as manobras contábeis do Tesouro
Nacional sobre os bancos, especialmente a Caixa Econômica Federal.
O
desagrado é maior devido ao pedido de convocação de 14 autoridades do governo,
entre presidentes de bancos públicos, secretários de Estado, ministros e
ex-ministros para darem explicações sobre os fatos em audiências.
O
documento com 81 páginas, obtido pela reportagem do Estadão, foi produzido
tendo como base uma investigação do Tribunal, que por meio de documentos
sigilosos obtidos com bancos públicos e ministérios, chegou à conclusão que o
Tesouro Nacional atrasou o repasse de recursos federais para os bancos,
tentando forjar a melhora dos resultados das contas públicas.
Os
auditores do TCU apontaram no relatório que, em junho de 2014, o Banco Central
contabilizava uma dívida de R$ 7,4 bilhões do Tesouro com o BNDES, devido ao
saldo com equalização de juros no Programa de Sustentação do Investimento
(PSI). Contudo, no mesmo período, os dados repassados pelo Tesouro ao TCU
indicavam que a soma dos saldos credores
era bem maior, R$ 19,3 bilhões. Tal diferença terá que ser corrigida
pelo BC, e desta forma a dívida pública vai aumentar. Caso o relatório seja
aprovado pelos ministros do Tribunal, o impacto fiscal seria compatível a R$
12,2 bilhões.
Se
o relatório for aprovado na íntegra pelos ministros do TCU, o governo será
obrigado a tomar duas atitudes, fazer o Banco Central incluir na estatística da
dívida pública o passivo do Tesouro Nacional e devolver os recursos devidos
pelo Tesouro aos bancos públicos.
O
ministro-chefe da Advocacia Geral da União, (AGU), Luís Inácio Adams, já
afirmou que a defesa do governo vai ser fundamentada na tese de que os atrasos
do Tesouro fazem parte da lógica dos contratos firmados entre o governo e a
Caixa. “Não concordo com o entendimento da área técnica do TCU. São contratos
de prestação de serviço, e não de crédito, entre a Caixa e o governo”. Adams
afirmou, “A instituição financeira obteve ganhos com a operação, porque os
períodos de saldos positivos, onde o repasse do Tesouro foi superior à
necessidade, compensam os períodos de saldos negativos (de atrasos). O que
questionamos é que o TCU trabalhou meramente com os períodos negativos”.
(Com
informações AE).
Sábado,
17 de janeiro, 2015
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