Com
o aval do ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), condenado no mensalão, dirigentes
do PR deflagraram uma operação para criar um novo partido e atrair
parlamentares da base aliada e da oposição descontentes com suas legendas. A
ação começou em meados do ano passado, quando Valdemar ainda estava preso em
regime semiaberto, e foi intensificada nas últimas semanas com a garantia dada
pela presidente Dilma Rousseff de que o PR permaneceria à frente do Ministério
dos Transportes, pasta que controla desde 2003.
Nos
bastidores, o PMDB acusa o Palácio do Planalto de incentivar o surgimento de
duas novas forças políticas para diluir a influência de correligionários: o
partido-satélite do PR e o PL, que deve ser originário da fusão do PSD do
ministro das Cidades, Gilberto Kassab.
Aliados
de Valdemar negam envolvimento do Planalto. Eles patrocinam a montagem do
partido Muda Brasil (MB), que deverá se tornar um satélite do PR e ajudará a
formar um bloco partidário na Câmara. O PR terá na próxima legislatura 34
deputados, mas espera ter uma legenda de apoio formada por insatisfeitos do PP,
do PROS, do PSD e até do oposicionista PSDB.
Os
articuladores têm assediado parlamentares a se filiarem ao futuro MB com
promessas de liberação de emendas e realização de obras tocadas pelo Ministério
dos Transportes em seus redutos eleitorais. Só para este ano, o orçamento da
pasta é de R$ 19,28 bilhões. No PR, os principais articuladores da criação do
partido são dois aliados de Valdemar, que hoje cumpre pena em casa: o
secretário-geral licenciado do PR e novo titular dos Transportes, Antonio
Carlos Rodrigues, e o líder da bancada da legenda na Câmara, Bernardo Santana
(MG).
A
fundação de um partido é um chamariz para a migração de parlamentares. Isto
porque a legislação eleitoral permite que parlamentares migrem para novos
partidos sem correrem o risco de terem os mandatos cassados por infidelidade
partidária. Embora a primeira opção seja ter o MB como um satélite, a fusão com
o PR não está descartada porque ofereceria um atrativo ainda maior: nesses
casos, os parlamentares que se filiam “carregam” consigo recursos do Fundo
Partidário e o tempo de rádio e televisão.
“Com
um partido novo existirão parlamentares que se dirigirão pra pedir filiação”,
afirmou José Renato da Silva, presidente da Executiva Provisória do Muda
Brasil. “Temos essa expectativa porque o MB também pode nascer grande”,
concluiu. Apesar de o aval dado por Valdemar para deslanchar a criação do MB
tenha sido confirmado por três fontes do PR, Silva disse que “infelizmente” o
ex-deputado não está ajudando na construção da legenda. “Tenho grande admiração
por Valdemar, mas ele não pode me ajudar. Se pudesse, seria uma grande ajuda”,
afirmou.
A
articulação do PR se soma à costura feita por Kassab, presidente licenciado do
PSD, para refundar o Partido Liberal (PL), também com o objetivo de atrair
descontentes. O PSD, que tem contado com a ajuda velada do Planalto, pretende
futuramente se fundir ao PL e ter uma bancada de até 70 deputados. A
expectativa dos aliados de Kassab é de que o novo partido se torne a segunda
maior bancada da Câmara, na frente até do PMDB. Sem a bênção do governo, o PR
pretende formar um bloco com o MB que pode chegar a 50 deputados.(A/E)
Quarta-feira,
7 de janeiro, 2015
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