Líderes
dos principais partidos ouvidos pela Agência Estado defenderam a decisão tomada
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de acabar com o sigilo bancário das
agremiações partidárias também em períodos não eleitorais.
A
resolução de autoria do presidente do TSE, ministro José Antonio Dias Toffoli,
obriga legendas a abrirem três contas distintas cujos extratos precisarão ser
apresentados pelos bancos a cada 30 dias, com a identificação de todos os
autores de depósitos. A medida também prevê a divulgação mensal das
movimentações financeiras dos partidos na internet. Pela legislação atual, as
legendas são obrigadas a apresentar somente um demonstrativo contábil na
prestação de contas anual à Justiça Eleitoral.
O
coordenador jurídico do diretório nacional do PSDB, deputado Carlos Sampaio,
elogiou a resolução do TSE. Segundo ele, a decisão merece aplauso.
O
parlamentar tucano disse que a decisão do TSE “vem em boa hora para impedir
práticas ilegais” e citou como exemplo as denúncias de pagamento de propina
investigadas na Operação Lava Jato.
O
aperto na fiscalização das contas partidárias coincide com a revelação de que
subornos teriam sido pagos como doações oficiais ao PT, segundo depoimento do
executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, empresa que presta
serviços à Petrobrás.
O
secretário de finanças do diretório nacional do PT, João Vaccari Neto, disse
por meio de nota que a sigla é “favorável à transparência no financiamento dos
partidos políticos e à fiscalização de suas contas”.
Vice-presidente
nacional do PSDB, o ex-governador Alberto Goldman também elogiou a decisão do
TSE, mas questionou os efeitos práticos da medida em casos de suspeitas de
pagamento de propina a partidos.
“Acho
que doação de partido é algo que tem que ser aberto. Doação de campanha tem que
ser aberta. Mas como é que você vai identificar como sendo propina? Isso não identifica
nada. Não identifica coisa nenhuma”, disse o dirigente tucano. “Não vejo como
isso possa chegar ao fundo dos problemas.
Para
o vice-presidente do diretório nacional do PSB, deputado Beto Albuquerque, a
resolução do TSE é “superpositiva”, já que é uma forma de fiscalizar também as
movimentações feitas pelas pessoas jurídicas, segundo ele, por meio das quais
acontece “a ladroagem”. Para Albuquerque, o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf), órgão federal responsável por fiscalizar suspeitas de
atividade ilícitas relacionada à lavagem de dinheiro, só se voltam às
movimentações feitas por pessoas físicas. “O Coaf atua hoje só sobre pessoas
físicas. E a ladroagem está na pessoa jurídica”, afirmou. (A/E)
Terça-feira,
06 de janeiro, 2015
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