Mesmo
após ter conquistado cerca de 51 milhões de votos na eleição presidencial, o
senador Aécio Neves (MG) ainda não conseguiu se firmar como nome natural do
PSDB para 2018. Para se candidatar novamente ao Palácio do Planalto, ele terá
de superar disputas internas e enfrentar adversários fortes, como o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin e o de Goiás, Marcone Perillo.
Até
agora, os três tucanos têm adotado estratégias diferentes para alcançar o mesmo
objetivo. Enquanto Aécio investe num estilo mais agressivo, Alckmin procura
manter o seu perfil moderado e Marconi investe em redes sociais.
Aclamado
como líder inconteste da oposição no Congresso, o mineiro passou a atuar na
linha de frente da “oposição selvagem”
que o PSDB tem feito ao governo da presidente Dilma Rousseff. Desde que voltou
ao Senado, após o 2.º turno das eleições, ele já chamou o PT de “organização criminosa”, deu apoio a
protestos contra denúncias de corrupção e mostrou que o partido aprendeu a usar
as manobras regimentais para complicar a vida da base aliada. “Vamos perder, mas vamos sangrar esses caras
até de madrugada”, disse a correligionários durante a votação para alterar
a meta fiscal.
Já
Alckmin investe numa relação republicana com Dilma, para não perder o apoio da
União em projetos importantes para o Estado. No final do ano, enquanto o PSDB
armava toda as suas artilharias contra Dilma, chegando a pedir a cassação da
candidatura da petista, o governador se encontrou com ela para negociar um
pacote de ajuda bilionário a São Paulo.
Independentemente
da postura que irão adotar nos próximos anos, os dois tucanos terão de fazer o
dever de casa. Aécio foi um senador ausente em seu primeiro mandato, com uma
passagem pouco expressiva pelo parlamento. Ele já deu mostras de que pretende
mudar essa imagem, mas não poderá arrefecer nos próximos anos. Uma atuação
exemplar no Congresso será a única chance de reverter a dupla derrota que
sofreu em Minas, seu Estado natal. Além de o candidato ao governo do PSDB ter
sido derrotado pelo PT, o próprio Aécio recebeu menos votos que Dilma em seu
reduto eleitoral.
Por
outro lado, o mineiro terá a seu favor o fato de ocupar a presidência do PSDB.
Com isso, pretende andar pelo País, especialmente o Nordeste, para se tornar
ainda mais conhecido. O tucano também articula a criação de um comitê para
tentar manter a interlocução com a sociedade, além de formar uma equipe para
fiscalizar o andamento do governo.
Alckmin
também terá um grande desafio pela frente. Apesar de ter sido reeleito no 1.º
turno com uma votação expressiva, o tucano sabe que terá de fazer uma nova
gestão muito melhor do que a primeira. Para São Paulo se tornar uma “vitrine” a
ser exibida em 2018, o governador precisa resolver problemas graves, como a
crise hídrica, a falta de mobilidade urbana e o aumento dos índices de
violência. (AE)
Sexta-feira,
2 de janeiro, 2015
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