O
ex-subsecretário da Receita da gestão Gilberto Kassab (PSD), Ronilson Bezerra
Rodrigues, apontado como chefe do esquema conhecido como máfia do Imposto sobre
Serviços (ISS), é alvo de nova denúncia por lavagem de dinheiro, apresentada na
terça-feira pelo Ministério Público Estadual (MPE) à Justiça. A denúncia será
analisada pela 21.ª Vara Criminal da Capital, na Barra Funda. É um
desdobramento da primeira acusação contra a máfia, que indiciou 11 pessoas ao
ser aceita pela Justiça, em agosto do ano passado.
Desta
vez, Ronilson e a mulher, Cassiana Malhães Alves, são acusados de ocultar a
renda obtida com a arrecadação de propinas da máfia, que pode ter causado um
prejuízo de 500 milhões de reia sà prefeitura, comprando bens em nome de um
laranja. Seria o administrador de empresas Francisco José Cominato, um amigo de
infância de Ronilson, segundo o Ministério Público Estadual.
O
criminalista Márcio Sayeg, advogado de Ronilson, diz que vai analisar a
denúncia, uma vez que seu cliente ainda não foi formalmente citado por essa
acusação. Sobre o envolvimento com a máfia, Sayeg diz que Ronilson e Cassiana
se dizem inocentes.
Lavagem
– A denúncia, de dez páginas, cita a compra de dois imóveis feita por Cominato
com os pagamentos feitos por Ronilson. O primeiro é um apartamento na Rua
Joaquim Floriano, no Itaim-Bibi, Zona Sul da capital, adquirido em um leilão em
julho de 2010.
"Arrematados
os bens em nome de Francisco José Cominato, os denunciados Ronilson Bezerra e
sua mulher, Cassiana Manhães, verdadeiros adquirentes, passaram a pagar as
parcelas do financiamento, as despesas ordinárias e os serviços prestados nos
imóveis", diz a denúncia do MPE.
A
transação, ainda de acordo com o MPE, é comprovada com sete documentos
apreendidos na casa de Ronilson em 30 de outubro de 2013, quando a Máfia do ISS
foi desbaratada.
O
segundo imóvel citado fica na Rua Tucuna, em Perdizes, zona oeste de capital,
comprado em 2008. Cominato é apresentado no texto como um homem disposto a
localizar boas oportunidades de negócios para Ronilson. "Sabendo que
Ronilson e Cassiana necessitavam ocultar e dissimular dinheiro de origem
criminosa, Cominato intermediou a compra do imóvel de propriedade do Banco
Itaú, cujo preço foi pago por aqueles com dinheiro de origem criminosa",
diz a denúncia.
Quando
teve de apresentar à Prefeitura a declaração de bens em sua propriedade - uma
obrigação de todos os servidores públicos -, ambos os imóveis foram omitidos.
Eles já foram sequestrados pela Justiça. O valor atual dos imóveis não consta
na peça de acusação - há referência apenas ao pagamento do imóvel adquirido em
leilão, que custou, em 2010, 250.000 reais.
(Com
Estadão Conteúdo)
Quarta-feira,
14 de janeiro, 2015
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