A
equipe de advogados de Alberto Yousseff, considerado como um dos líderes do
esquema de desvio da Petrobrás, vai concentrar a defesa na alegação de que o
doleiro serviu apenas como uma peça no sistema político criado para dar
sustentação ao projeto de poder do PT. O documento deve ser apresentado à
Justiça Federal do Paraná, onde tramitam os processos da Lava Jato, na próxima
terça-feira, 27. Em conversa com o Broadcast Político, serviço em tempo real da
Agência Estado, o advogado Antônio Augusto Figueiredo Basto antecipou qual será
a linha de defesa que será apresentada. No processo criminal, Youssef é acusado
de chefiar um esquema que teria movimentado ilegalmente cerca de R$ 10 bilhões.
“É
um projeto de poder para sustentação do PT. Não há dúvida disso. Vou citar isso
na peça, claro. Não tem dúvida. PT e a base aliada como PMDB, PP”, ressaltou
Basto. “É a corrupção sustentando um esquema de poder. Não há para mim a menor
dúvida que esse esquema é um grande sistema de manutenção de grupos políticos.
Vamos sustentar isso na nossa defesa. Meu cliente foi mera engrenagem. Não era
a peça fundamental do esquema. Não tinha esse poder para fazer com que o
esquema funcionasse ou deixasse de funcionar. O esquema só existiu porque havia
vontade política para fazer com que ele existisse”, acrescentou o advogado.
Na
delação realizada por Youssef no âmbito da Lava Jato, ele citou políticos como
beneficiários do esquema da Petrobrás. Confirmou também que a partilha de
desvios de contratos com as empreiteiras entre três partidos: PT, PMDB e PP.
O
posicionamento de Figueiredo Basto ocorre um dia depois de os advogados do
empresário Gérson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia,
afirmarem em documento entregue à Justiça Federal que a Petrobrás foi usada
para bancar o “custo alto das campanhas eleitorais”. Segundo a defesa de Almada,
preso pela Operação Lava Jato desde 14 de novembro de 2014, “a Petrobrás foi
escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do
governo e aos cofres das agremiações partidárias”.
Estratégia.
O documento dos advogados do vice da Engevix explicita algo que já vinha sendo
dito nos bastidores pelos empreiteiros. Ele traduz a estratégia jurídica desse
grupo: evitar que a Petrobrás seja tratada como vítima de corruptores, no caso,
os empresários, e tentar unir as duas frentes de investigação da operação – uma
delas, a que inclui ex-diretores da estatal, doleiros e empreiteiros, é
comandada pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal no Paraná; a outra parte, a
que inclui os políticos com foro privilegiado, está sob a guarda do Supremo
Tribunal Federal.
Ao
dizer que a corrupção na Petrobrás está intrinsecamente ligada a atividades do
governo e de parlamentares, os empreiteiros tentam mostrar que o caso é
indissociável, a fim de que tudo seja julgado diretamente pelo STF. (AE)
Sábado,
24 de janeiro, 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário