Cai a máscara de Joaquim Levy, na
qual se escondiam a presidente Dilma, o PT, as elites conservadoras e boa parte
da mídia. Foi no apropriado palco de Davos, onde se reúne a nata dos
privilegiados econômico-financeiros, que em entrevista ao Financial Times o
ministro da Fazenda ousou dizer que o seguro-desemprego está completamente
ultrapassado. Essa raça de vigaristas dorme em berço de ouro, jamais soube o
que é perder o emprego e ficar sem meios para alimentar a família. Ao primeiro
sinal de redução de seu faturamento, mesmo sem perder as benesses surripiadas
dos assalariados, apelam para os argumentos de sempre: a culpa é dos investimentos
sociais duramente conquistados pelos menos favorecidos. Importa revogá-los.
Joaquim Levy deveria escolher o
Herodes como símbolo de sua gestão: os bebês dão prejuízo, porque não trabalham
e consumem recursos em mamadeiras, fraldas e cuidados variados. Melhor acabar
com eles, como agora com o seguro-desemprego. Já fizeram isso com a
estabilidade no emprego, o salário-família, a participação dos empregados no
lucro das empresas e quantos direitos trabalhistas a mais?
O período, para esse novo algoz
da justiça social, é de austeridade. Para quem, cara-pálida? Ele também fala em
corrigir os preços, aumentar impostos, elevar os juros, mas jamais defenderá a
taxação das grandes fortunas e das heranças milionárias. Prefere dificultar as
pensões das viúvas e a aposentadoria
dos velhinhos, desde que não afete o lucro dos bancos.
O mais execrável no massacre que
mal se inicia é o silêncio da maioria das centrais sindicais e dos partidos
ditos trabalhistas ou socialistas. Para não falar no estímulo e no silêncio de
quem o nomeou, sob os aplausos do mercado. Sem esquecer o apoio da maioria dos
meios de comunicação, que chamam de “ajuste” o esbulho praticado à vista de
todos. Empresários, investidores, especuladores e analistas apregoam a “agenda
positiva” desenvolvida pela nova equipe econômica, sabendo que ela vai gerar o
desemprego e a extinção de outras prerrogativas sociais. O óbvio é que
nascerão, também, a indignação e a revolta. Porque não dá para aceitar que as
“reformas estruturais destinadas a retomar o crescimento econômico” penalizem
os trabalhadores favorecendo as elites, como sempre tem acontecido.
E o Lula, onde está, se não
estiver a bordo do jatinho de alguma empreiteira? Dilma já cooptou a metade do
PT para ficar calada à sombra dos favores, nomeações e facilidades do
poder. A outra metade bem que gostaria
de assistir o protesto do ex-presidente, mas deve esperar sentada. Os absurdos
realizados a pretexto de combater a crise econômica trabalharão em favor de sua
candidatura, se a saúde permitir. Ele
poderá frequentar os palanques sustentando que, com seu retorno, os tempos
serão outros.
Em suma, deve preparar-se o
cidadão comum, em especial as dezenas de milhões que recebem o ridículo salário
mínimo, mas sem esquecer os assalariados pagadores de impostos e de preços de
gêneros de primeira necessidade continuamente reajustados. Vão ter que pagar
mais… Agora, a um desabafo terão direito, diante do comentário de Joaquim Levy
sobre o seguro-desemprego: “ultrapassado é a mãe!” (Carlos Chagas)
Domingo, 25 de janeiro, 2015
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