Enquanto
a economia, credores e desempregados alagoanos agonizam à espera do avanço
efetivo do processo de falência de um dos maiores grupos empresariais do
Estado, a inércia da Justiça de Alagoas mantém há exatos quatro meses em suas
gavetas o contrato de arrendamento de uma das usinas alagoanas da Massa Falida
da Laginha Agroindustrial LTDA, a Usina Guaxuma, que era administrada pelo
ex-deputado federal João Lyra, sócio majoritário do grupo.
Mesmo
com anuência de todas as partes, inclusive credores e administradores da massa
falida, a homologação do arrendamento não é feita pelo Judiciário, impedindo
que as empresas GranBio e Usina Coruripe utilizem a estrutura da Guaxuma, no
município de Coruripe, para produzir recursos que ajudariam não só a iniciar o
cumprimento da função básica do processo de falência, que é o pagamento das
dívidas.
"A
reativação de guaxuma é de suma importância para a região, para o estado e para
os credores. Porque paga créditos e conserva e valoriza ativos para uma venda
futura", disse o administrador judicial da Massa Falida da Laginha, João
Daniel Fernandes.
Com
o sexto juiz, Leandro Folly, nomeado em dezembro de 2016 para conduzir o
processo que já dura oito anos, o processo dormita desde muito antes do recesso
judicial, e segue inerte em plena véspera do período de moagem.
MAIOR DA HISTÓRIA
A
Guaxuma tem capacidade de esmagar 10 mil toneladas de cana por dia, o que a faz
capaz de moer 2 milhões de toneladas de cana, por safra. Será o maior caso de
arrendamento da história do agronegócio brasileiro, com prazo de contrato
previsto para durar dez anos, cujo contrato foi assinado em 6 de setembro de
2016.
Além
do arrendamento da Guaxuma, o processo de falência da Laginha vive uma guerra
judicial com sucessivos adiamentos do leilão das usinas mineiras Triálcool e
Vale do Paranaíba, que injetaria pelo menos R$ 400 milhões nas economias de
Alagoas e Minas Gerais com o pagamento a credores.
O
Ministério Público Estadual de Alagoas (MP/AL) já agiu em defesa do
destravamento do processo, pedindo à Justiça o fim da interferência dos futuros
herdeiros do industrial falido João Lyra, que tentaram sem sucesso interditar o
pai, que segue lúcido aos 85 anos.
Enquanto
a Justiça de Alagoas não decide quando iniciará a liquidação do primeiro
centavo da dívida de cerca de R$ 2 bilhões com cerca de 40 mil credores e
trabalhadores de Alagoas e Minas Gerais, empregos deixam de ser gerados,
impostos deixam de ser recolhidos, renda deixa de circular. Enfim, a Justiça
deixa de fazer justiça.
Sábado,
07 de Janeiro de 2017
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