Das
mais de 470 mil pessoas empregadas que moram nessas cidades, 212 mil têm no DF
seu local de trabalho
Os
trabalhadores que vêm diariamente do entorno do Distrito Federal sofrem com o
tempo excessivo no trânsito e com as condições precárias do transporte público.
Este é o caso do gerente de restaurante Adriano Araújo, 22 anos, morador de
Luziânia. Ele diz que para chegar ao trabalho, na Vila Planalto, acorda às 3h
da madrugada e leva cerca de três horas para chegar. “Isso quando o ônibus não
quebra no meio do caminho”, lamenta Adriano.
Um
levantamento da Compainha de Planejamento (Codeplan) revela que 41% dos
moradores das cidades goianas trabalham na capital brasileira e percorrem a BR
040 todos os dias. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), são mais
de cem mil veículos que fazem esta rota. A quantidade de carros nas ruas – em
média, 37 para cada 100 pessoas – e as grandes distâncias dos percursos entre
residência e trabalho fazem com que a grande parte da população gaste tempo
excessivo no trânsito. Do trecho concedido, os fluxos mais intensos vêm da
Cidade Ocidental, Valparaíso e Luziânia. Das mais de 470 mil pessoas que moram
nessas cidades e possuem emprego, 211,9 mil têm no DF seu local de trabalho.
Com
a situação semelhante, a manicure Antonia Soares, moradora do Valparaíso,
também sente dificuldades nos deslocamentos diários que a rotina exige. Segundo
ela, em horário de pico, o mínimo de tempo gasto dentro do ônibus é de 1h30. E,
para driblar a situação do engarrafamento, ela desce em Santa Maria para pegar
o BRT (Bus Rapid Transit) e chegar rápido à Asa Sul. “Quando preciso chegar um
pouco mais cedo, faço isso ou pego carros que fazem lotação”, diz.
Planejamento
A
professora de arquitetura e urbanismo Larissa de Aguiar lembra que Brasília foi
concebida para 500 mil habitantes, ainda assim, recebe o fluxo diariamente de
quem busca a capital como o local de trabalho. “O DF é planejado para
centralizar o Brasil, ele abastece todo o entorno. Tinha que ter crescimentos
mais descentralizados”, esclarece. “Esse é um dos motivos do trânsito
excessivo”, opina.
A
especialista avalia que a tendência é o crescimento dos arredores e do próprio
DF, em função do alto poder da população da região. “Seria o caso de o governo
de Goiás e do DF conversar e descentralizar as coisas”. Segundo Larissa, a
qualidade de vida dessas pessoas melhoraria com mais planejamento e
investimento.
Por
Ana Karolina Ribeiro.
Domingo,
15 de Janeiro de 2017
MP ABRE INVESTIGAÇÃO PARA
APURAR ROMBO NAS CONTAS PÚBLICAS DO ESTADO DE GOIÁS
O
Procurador-Geral de Justiça de Goiás, Lauro Machado, determinou a abertura de
procedimento investigatório para apurar o saldo negativo da conta
centralizadora do Estado. O rombo nas contas públicas do Estado passou de R$
621,7 milhões em 2010 para R$ 1,5 bilhão em 2014
“O déficit quase triplicou no período de
apenas quatro anos, o que resultou em problemas de caixa, de um mandato para o
outro, da ordem de R$ 317 milhões, com implicações sobre o pagamento de
obrigações contraídas”, afirmou o procurador.
Machado
também determinou que sejam analisadas as consequências do crescimento do saldo
negativo para o orçamento estadual, como a impossibilidade do aumento de
despesas, por inadequação orçamentária e financeira, com repercussão na correta
aplicação dos recursos do estado. Em virtude do déficit, é possível que vários
serviços públicos deixaram de ser prestados, culminando com um prejudicial
atendimento às demandas do povo goiano.
A
investigação atende ao pedido em representação do Procurador Geral de Contas,
Fernando dos Santos Carneiro, encaminhada ao Ministério Público. O documento do
procurador enfatiza que foram inscritos na rubrica “Restos a Pagar” a soma de
R$ 317 milhões sem a devida provisão de caixa. Os números se referem às contas
do governador Marconi Perillo (PSDB) do ano de 2014.
Para
Carneiro, a inscrição desse volume de restos a pagar fere o Art. 42 da Lei de
Responsabilidade Fiscal. O artigo proíbe ao titular de qualquer um dos Poderes,
nos últimos dois quadrimestres do mandato, contrair obrigação de despesa que
não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem
pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa
para este efeito. A irregularidade, segundo Carneiro, ocorreu devido ao saldo
negativo da Conta Centralizadora ignorado na contabilidade do Governo.
Diante
dos fatos, o Procurador-Geral de Justiça, via da Portaria nº 4/2016, determinou
que se apure a notícia de irregularidade nas contas de governo de 2014, uma vez
que o Relatório da área técnica da gestão de contas de governo do TCE-GO
comprovam que o déficit.
TCE e Executivo
Cabe
ressaltar que, em abril do ano passado, entidades de classe e da sociedade
civil, entre elas a Contas Abertas, encaminharam representação ao conselheiro
corregedor do Tribunal de Contas do Estado do Goiás, Celmar Rech, pedindo
afastamento do conselheiro da Corte, Edson José Ferrari. A intenção era impedir
que Ferrari julgasse as contas do governo em 2015, o que foi acatado.
No
pedido, entidades apontam haver indícios de que o Conselheiro Edson Ferrari não
só mantinha uma íntima relação de amizade com o governador de Goiás, Marconi
Perillo (PSDB), mas de gratidão, de modo a afirmar que iria agir contra aqueles
que ousassem a se postar no caminho do chefe do executivo. Os representantes
dos Ministérios Públicos afirmaram, ainda, que, o governador, por sua vez,
retribuiu a lealdade, afirmando ao Conselheiro que “somos uns pelos outros aí”.
Em
maio, o Ministério Público de Goiás (MPGO) requereu na Justiça a suspensão
imediata do conselheiro Edson Ferrari do cargo no Tribunal de Contas do Estado
de Goiás (TCE-GO). A ação de improbidade administrativa foi proposta pelo
promotor de Justiça Fernando Krebs.
Domingo,
15 de Janeiro de 2017
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