O governador Marconi
Perillo (PSDB) está perdido. Faz um discurso de coragem, mas deixa claro que
está com medo. Não sabe o que faz: se insiste na estratégia de ameaçar para
mostrar-se no controle da situação, ou se se mostra humilde e disposto ao
diálogo, o que para muitos poderia até ser visto como humilhação, mas seria uma
boa alternativa para a preservação do mandato.
Sim, preservação do mandato, porque a
possibilidade de perda já se tornou voz corrente, embora o mais esperado seja
outra coisa: o sangramento público continuado. E é isso o que mais preocupa os
marconistas e faz aumentar a articulação do governador para assegurar, pelo
menos, que seja ouvido na CPI na terça, como programado, e não em agosto, como
querem alguns petistas.
A ida à CPI pode ser um tiro no pé, reconhece
até o mais apaixonado assessor de Marconi Perillo. Pior, porém, é não ir,
avaliam. E, pior ainda, adiar a ida. Por isso o governador age, ao mesmo tempo
em que se prepara com empresa especializada em treinamento para políticos e em
conversas com seu advogado.
Mas, se pelo menos isso é consenso, como se
comportar até lá? Como quem nada teme a ponto de lançar ameaças ao vento, ou
como o mais humilde dos homens? As duas teses de ação são discutidas no Palácio
das Esmeraldas, e isso tem mexido com os ânimos do governador.
As consequências desse debate mambembe não têm
sido boas, basta ver o desgaste na imagem do governador agravado pelos fatos e
novas de denúncias, mas igualmente por suas reações, mais direcionadas ao
confronto – e o processo aberto contra jornalistas em nada ajudou – do que ao
esclarecimento das dúvidas que não param de surgir.
A disputa para ver quem aponta a melhor saída
para o governador evidencia outro fato: ele não sabe em quem confiar e,
consequentemente, sua assessoria não sabe o que fazer. O resultado é um governo
atirando para todos os lados, tentando passar a ideia de que está tudo bem,
quando todos sabem que as coisas vão de mal a pior. Outro fato claro: diminuem
a olhos vistos aqueles que, mesmo no governo, se dispõem a fazer defesa aberta
do governador. O silêncio, neste caso, pode-se dizer que é ensurdecedor.
Sem saber a quem ouvir, Marconi dá mostras de
que está ouvindo todos, daí agira como quem anda de pés trocados, com o
discurso indo numa direção, e a realidade em outra. Por exemplo: quanto mais
surgem fatos novos e detalhes inexplicáveis sobre a venda da casa para Walter
Paulo/Cachoeira, mais ele se mostra irritado por ninguém acreditar que ele nada
tem a explicar.
A irritação ficou visível de novo justamente
com o depoimento do empresário Walter Paulo na CPI. E o que ele fez? Fez circular,
como que em resposta, uma ameaça: “Uma denúncia bombástica será feita contra
políticos goianos”, revelou, de manhã, na rádio 730, o jornalista Marcos
Cipriano.
A frase foi reproduzida no site Diário de
Goiás (leia aqui). A ameaça tinha endereço certo, e não era
propriamente aos políticos goianos: os deputados e senador da CPI mista do
Cachoeira, onde ele estará na terça. O aviso era o de que Marconi fará, na CPI,
“um espetáculo da república”.
Trocando os pés, à tarde, porém, a Folha de
S. Paulo trouxe a notícia de ele procurou um mensageiro para tentar uma
conversa privada com integrantes da CPI (leia aqui). E isso no mesmo dia em que o PSDB, segundo
contou o jornalista Josias de Souza, avaliava cuidar de sua vida e de seu futuro
(sucessão em 2014), deixando à sua própria sorte o governador goiano.
Enquanto busca uma saída para sua situação, o
governador tenta imprimir uma “agenda positiva” no Estado. Ele escolheu o
interior do Estado para armar palanques onde possa falar em sua própria defesa,
diante de aliados. A região norte foi escolhida para esta nova fase estilo
final de campanha, com muito discurso e pose de vítima e luta contra os
inimigos Lula e, acreditem, o PMDB goiano – que, a bem da verdade, está mais
para cordeiro do que para lobo, neste momento.
O problema aí, para Marconi, é outro:
pré-candidatos a prefeito estão se desviando de encontros públicos com ele
neste momento de definição de suas candidaturas. Agora é hora das convenções, e
não de arriscar o capital político para defender um governador com desgaste
crescente, apurado em pesquisas abundantes de orientação interna.
Ninguém quer arriscar a expor-se
negativamente, esse o recado que o governador faz de conta que não recebeu, ao
mesmo tempo em que cobra a fatura da sua defesa e do apoio. Como a pressão tem
sido alta, o descontentamento fica, como a avaliação negativa, maior a cada
investida.
Marconi Perillo busca a sobrevivência. Está
cada dia mais isolado e a cada momento com menor número de soldados para esta
guerra. Perder o escudo do PSDB nacional foi, talvez, a pior notícia da semana,
por significar que, se está vulnerável no seu Estado, fora dele não vai
encontrar salvação (leia aqui).
Sábado 9/6/2012 ás 12:40h
Postado pelo Editor
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