Terra =
O senador Mário Couto (PSDB-PA) desistiu de continuar participando dos
trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as
ligações do bicheiro Carlos Cachoeira com políticos, agentes públicos e
privados. "Eu não volto mais nesta CPI. Ela está morta, é uma farsa. Que
criem outra, esta aqui não existe", avisava aos repórteres assim que
deixou a sala onde ocorria nesta tarde de quarta-feira o depoimento de Luiz
Carlos Bordoni.
Couto ficou irritado depois que foi interrompido pelo deputado Paulo
Teixeira (PT-SP), que presidia a sessão naquele momento. Couto disparava
críticas ao depoente, ressaltando que a CPI não deveria ouvir um réu confesso.
Mais cedo, Bordoni admitiu que não tem costume de declarar no imposto de renda
o dinheiro que recebe ao trabalhar em campanhas políticas. "Como pode essa
CPI dar credibilidade a este senhor?", indagou Couto.
Teixeira, por sua vez, advertiu da necessidade de respeitar o depoente.
"O senhor precisa tratar o depoente com humanidade", reclamou. Couto
não gostou e, com o dedo em riste e aos gritos, avisou que estava naquele
momento abandonando a CPI.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina.
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina.
O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que
ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram
contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele
reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a
critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O
Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu
telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador
pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na
conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que
manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado
em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no
Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo
bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de
abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na
expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda,
encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a
atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior
recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do
esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma
auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com
os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo
(PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado
aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão unânime, por 15 votos a zero, o
colegiado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que recomendou
a perda do mandato do senador. O parecer do Conselho de Ética deverá ser
examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, se
aprovado, passará por nova votação no Senado, que poderá definir a cassação
definitiva de Demóstenes.
Quarta-feira 27 de junho de 2012 às 22:45h
Postado pelo Editor
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