Se não é, seja nosso novo seguidor

Cadastre-se você também, ja somos 46 brothers no Clube Vip *****

21 de maio de 2014

DELAÇÃO PREMIADA NÃO PODE SER PRÊMIO PARA A BANDIDAGEM




Pois é, pois é… Foi rompido o acordo de delação premiada que havia com o doleiro Alberto Youssef, por conta ainda dos desdobramentos da investigação do escândalo do Banestado, que dizia respeito justamente ao envio de remessas para o exterior. Fizeram bem em romper? Acho que sim. Mas é evidente que a questão está malparada no Brasil.

Confesso que tenho um problema, vamos dizer, de fundo moral com essa história de “delação premiada”. Afinal de contas, se pensarmos bem, não se premia apenas a delação, mas também o criminoso. O traidor, em termos absolutos, é sempre uma figura meio asquerosa, não? E a delação não pode funcionar como a premiação do oportunismo.

Por outro lado, o desmantelamento de organizações criminosas infiltradas, muitas vezes, nas estruturas do estado — como foi o caso de setores da máfia italiana — não se faz sem a ajuda de alguém de dentro.
Parece-me, então, que dá para conciliar a eficiência do sistema com a moralidade. De que modo? O que recebe o benefício da delação premiada não pode voltar a ser um cidadão comum — não ao menos no período correspondente à condenação que receberia por seu crime.

Ele tem de ficar, creio, sob uma forma de tutela do estado; tem de continuar sob vigilância. O que não é possível é acontecer o que aconteceu com Youssef: ele fez o acordo, pagou uma multa e voltou à atividade de sempre.

E também é preciso que se tomem alguns cuidados para garantir a segurança do delator. A depender do crime, ele tem de receber uma nova identidade, um novo trabalho, ser enviado para local ignorado — com os mesmos benefícios, e em caráter permanente, de testemunhas sob proteção do estado.
A delação premiada tem de deixar de ser um prêmio para o bandido temporariamente arrependido. Tem de passar a premiar a sociedade.

Por Reinaldo Azevedo (VEJA)

Quarta-feira, 21 de maio, 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário