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13 de maio de 2014

INTERNET E A IMPORTÂNCIA DA IMPRENSA




Este artigo não é sobre a pornografia no mundo virtual nem tampouco sobre os riscos de as redes sociais empobrecerem o relacionamento humano. Trata de um dos aspectos mais festejados da internet: o empowerment ("empoderamento", fortalecimento) do cidadão proporcionado pela grande rede.

É a primeira vez na História em que todos, ou quase todos, podem exercer a sua liberdade de expressão, escrevendo o que quiserem na internet. De forma instantânea, o que cada um publica está virtualmente acessível aos cinco continentes. Tal fato, inimaginável décadas atrás, vem modificando as relações sociais e políticas: diversos governos caíram em virtude da mobilização virtual, notícias antes censuradas são agora publicadas na rede, etc. Há um novo cenário democrático mais aberto, mais participativo, mais livre.

E o que pode haver de negativo nisso tudo? A facilidade de conexão com outras pessoas tem provocado um novo fenômeno social. Com a internet, não é mais necessário conviver (e conversar) com pessoas que pensam de forma diferente. Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos "iguais" a mim, por mais minoritária que seja a minha posição.

O risco está em que é muito fácil aderir ao seu "clube" e, por comodidade, quase sem perceber, ir se encerrando nele. Formam-se, assim, os novos guetos: círculos fechados de pessoas que pensam da mesma forma, com pouca disposição para o diálogo. E isso já se faz notar, por exemplo, na polarização do debate político brasileiro.

O exercício de ser questionado nas suas convicções e a busca por encontrar respostas a essas objeções são elementos essenciais para a qualidade da argumentação. Num gueto, tudo isso fica do lado de fora. Há uma blindagem dos seus integrantes, impedindo o debate.

Essa estratégia, usada por muitos grupos na rede, tem ainda o grave efeito, por culpa dos seus próprios promotores, que apostam na força e no curto prazo, de fazer com que legítimas demandas sociais permaneçam marginalizadas. Perante a sensibilidade da sociedade, são percebidas como causas carentes de legitimidade.

A internet, como espaço de liberdade, não garante por si só a criação de consensos nem o estabelecimento de uma base comum para o debate. Todos falam, mas ninguém parece escutar quem pensa diferente.

A internet não substitui a imprensa. Pelo contrário, esse fenômeno dos novos guetos põe em destaque o papel da imprensa no jogo democrático. Ao selecionar o que se publica, ela acaba sendo um importante moderador do debate público. Aquilo que muitos poderiam ver como uma limitação é o que torna possível o diálogo, ao criar um espaço de discussão num contexto de civilidade democrática, no qual o outro lado também é ouvido.

Imprensa e internet não são mundos paralelos: comunicam-se mutuamente, o que é benéfico a todos. O perigo da internet não está propriamente nela. O risco é considerarmos que, pelo seu sucesso, todos os outros âmbitos devam seguir a sua mesma lógica, predominantemente quantitativa. O mundo contemporâneo, cada vez mais intensamente marcado pelo virtual, necessita também de outros olhares, de outras cores. A internet, mesmo sendo plural, não tem por que se tornar um monopólio.

Nicolau da Rocha Cavalcanti - O Estado de S.Paulo

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