Levantamento
preliminar do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)
aponta que um número recorde de deputados federais pretende concorrer à
reeleição neste ano. Dos 513 deputados, mais de 90% tentarão a recondução ao
cargo. A expectativa é que o número de candidatos à reeleição seja de 410, no
mínimo, e de 480, no máximo.
A
pesquisa indica que 33 deputados já decidiram não se recandidatar – sendo 21
(4,09%) por desistência e 13 (2,53%) porque resolveram disputar outros cargos.
Outros 70 parlamentares (13,65%) admitem concorrer ao Senado, a presidente da
República, a governador e vice-governador ou a deputado estadual, dependendo de
composições locais.
O
levantamento foi divulgado em março e será atualizado após as definições de
convenções partidárias, que ocorrem até o dia 5 de agosto. No entanto, para um
dos responsáveis pelo estudo, o diretor de Documentação do Diap, Antônio
Augusto de Queiroz, os números devem permanecer inalterados.
A
necessidade de foro privilegiado a parlamentares que respondem a ações na
Justiça, base consolidada nas regiões de atuação política e a redução no tempo
de campanha – que passou de 90 para 45 dias – favorecem os candidatos que
pretendem concorrer ao mesmo cargo, avalia o diretor do Diap.
As
mudanças na legislação eleitoral com a criação do fundo eleitoral e a janela
partidária (período no qual se permite a troca de partido entre os
parlamentares) também deram aos parlamentares que hoje estão no mandato a
possibilidade de negociar dentro dos partidos. Dessa forma, deputados federais
puderam negociar melhores condições de recursos nas campanhas e prioridade no
horário eleitoral.
“Então,
como é que quem vai disputar [pela primeira vez] vai ter mais voto? Com pouco
tempo [de campanha], esse candidato não vai ter o nome conhecido. Por mais que
haja um apelo por renovação, as condições estão dadas para que isso não
aconteça”, disse o coordenador do Diap à Agência Brasil.
Recordista
no número de mandatos como deputado federal pelo Piauí, Paes Landim (PTB)
exerce o cargo desde 1987. Aos 81 anos, o parlamentar disputará uma vaga pela
nona vez consecutiva.
“É
uma dificuldade imensa fazer campanha no Nordeste com as limitações de
financiamento. Quem tem muito dinheiro certamente terá vantagem nessas
eleições, até porque não há uma fiscalização adequada. A luta é difícil, mas
não posso largar a política”, disse à Agência Brasil, ao confirmar que
disputará mais uma vez a vaga para Câmara dos Deputados.
Desde
1971 na Câmara, Miro Teixeira (Rede-RJ) é o deputado mais antigo em exercício.
Ao todo, são 11 mandatos ocupando uma vaga na Casa. Nas próximas eleições, no
entanto, o parlamentar deixará a disputa pela reeleição e tentará uma vaga no
Senado Federal. O deputado chegou a anunciar a disputa pelo governo do Rio de
Janeiro, mas voltou atrás e decidiu apoiar a chapa que deve lançar o senador
Romário (Podemos) ao cargo.
“Para
partidos menores ficou mais difícil a disputa eleitoral. A repartição do
financiamento pelo fundo eleitoral também está mais complexa. Mas, neste ano a
disputa será pelo Senado”, informou.
Iniciante
na Câmara, o deputado federal André Fufuca (PP-MA) também é candidato à
reeleição e tentará o segundo mandato na Casa. Mais conhecido como Fufuquinha,
o deputado de 28 anos, é filho do medebista Fufuca Dantas, atual prefeito de
Alto Alegre do Pindaré, no oeste maranhense.
Em
2017, o deputado comandou a presidência da Câmara dos Deputados por sete dias
quando o presidente Michel Temer viajou para a China. Na ocasião, o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), exerceu a presidência da República
interinamente.
Histórico
Segundo
o levantamento, considerando as últimas sete eleições gerais, foi registrada a
média de 408 deputados que tentaram a reeleição. O maior índice é de 1998,
quando 443 deputados tentaram a reeleição. Desses, 228 foram reeleitos – o
correspondente a 65,01%. Nas eleições de 2014, 387 deputados disputaram o
retorno à Câmara, sendo que 273 voltaram ao posto, representando um índice de
70,54% de reeleição.
Para
Antônio Augusto de Queiroz, o cenário de renovação pode ser alterado caso a
campanha pela não reeleição de candidatos tenha adesão no país.
“Apenas
se pegar campanha ‘Não reeleja ninguém’, o cenário pode mudar para renovação.
Já que o candidato não pode contratar espaço na televisão e tem limite de
gastos na campanha, R$ 2,5 milhões (teto para deputados federais) não é
suficiente para fazer uma campanha e se tornar conhecido em 45 dias. Fora
disso, vai ter um caso ou outro em situações que o político já era conhecido e
está voltando, aqueles que ocupavam cargo no Executivo e celebridades”, prevê.
(ABr)
Quarta-feira,
1º de agosto, 2018 ás 00:05
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