Já
era madrugada desta quinta-feira quando o painel eletrônico da Câmara dos
Deputados finalmente anunciou o nome daquele que comandará a Casa pelos
próximos sete meses: o democrata Rodrigo Maia (RJ) foi eleito em segundo turno
com 285 votos. O deputado do DEM venceu a disputa contra Rogério Rosso
(PSD-DF), que teve 170 votos. O outro favorito, Marcelo Castro (PMDB-PI),
ex-ministro de Dilma Rousseff e apoiado pelo PT, ficou de fora, tendo recebido
apenas 70 votos no primeiro turno. A poderosa cadeira coloca Maia no posto de
substituto do presidente interino Michel Temer quando este se ausentar do país.
No
discurso antes do segundo turno, Maia defendeu a independência da Câmara e
falou em “acabar com o império dos líderes”. “Os líderes são fundamentais, mas não
são os únicos que têm direito à palavra. Cada um de nós tem direito a usar esse
microfone. Vamos devolver ao plenário a sua soberania”, afirmou. Depois de
confirmada a vitória, o deputado tomou posse imediatamente como presidente da
Câmara, agradeceu à família e chorou.
Maia
obteve apoio do PSDB, PPS, DEM, PSB e contava também com a simpatia do Palácio
do Planalto. Publicamente, o presidente interino Michel Temer manteve o
discurso protocolar de que não pode interferir na definição do sucessor de
Cunha, embora tenha operado diretamente para evitar a todo custo a vitória de
Marcelo Castro.
A
cautela é justificada pela necessidade de Temer implementar e ver aprovadas com
urgência no Congresso medidas de seu governo interino. E de resto sepultar o
risco de prosperar um pedido de impeachment contra ele – o tema adormeceu nas
mãos do presidente Waldir Maranhão (PP-MA), a despeito da ordem do Supremo
Tribunal Federal (STF) para que o processo fosse adiante.
Maia
trabalhou arduamente pelo afastamento de Dilma Rousseff, ao contrário de
Marcelo Castro, que votou contra o impeachment da petista. Maia não responde a
processos no STF, mas teve seu nome envolvido na Operação Lava Jato após
aparecer em troca de mensagem de Léo Pinheiro, da OAS, pedindo doações. O deputado
é alvo de um pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A
vitória de Maia recoloca o DEM no comando da Câmara dos Deputados pela primeira
vez em treze anos: o último nome do partido a comandar o posto foi Efraim de
Moraes, entre 2002 e 2003. E representa uma vitória da articulação do Planalto
– um cenário muito diferente do que se viu em fevereiro do ano passado, quando
Eduardo Cunha derrotou o petista Arlindo Chinaglia (SP) com acachapantes 267
votos. O resto é história. (Redação de VEJA)
Quinta-feira,
14 de julho, 2016
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