O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve, na sexta-feira (31/8), o
registro de candidatura indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral. Em
julgamento que durou quase 10 horas, avançando a madrugada, 6 ministros votaram
contra a candidatura do petista. A sessão extraordinária durou quase 12 horas,
no total, já que o caso do ex-presidente não foi o primeiro item da pauta.
Os
ministros entenderam que Lula é inelegível pela Lei da Ficha Limpa e que a
decisão do Comitê Internacional de Direitos Humanos da Organização das Nações
Unidas (ONU), que manifestou posição pelo exercício dos direitos políticos do
petista, não é vinculante.
Ficou
determinado, também, a retirada do nome de Lula da programação da urna
eletrônica. A decisão veda, ainda, a presença do petista em propaganda
eleitoral, especialmente naquelas veiculadas gratuitamente em rádio e
televisão.
Como
o quadro que lista a ordem das candidaturas para o programa eleitoral prevê a
propaganda do PT para às 7 deste sábado (1°/9) no rádio e paras 13h na
televisão, os ministros decidiram de reunir em conselho para dar uma solução à
questão.
Apenas
o ministro Luiz Edson Fachin votou pelo deferimento da candidatura do
ex-presidente. Ele, no entanto, ressaltou que considera Lula inelegível, mas
prezou pelo respeito à recomendação da ONU.
A
defesa de Lula chegou a apresentar questão de ordem, no início do julgamento do
caso, pedindo o adiamento da apreciação. De acordo com os advogados, as partes
não apresentaram as contestações dos argumentos pela impugnação.
Os
argumentos da defesa foram entregues na noite de quinta (30/8). A solicitação,
no entanto, foi desconsiderada por 4 votos a 3. Fachin, Og Fernandes e Rosa
Weber queriam abrir novo prazo, mas ficaram vencidos.
Lula
registrou candidatura em 15 deste mês e a corte recebeu pedidos de impugnação
logo na sequência, inclusive da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Ao todo, foram 16 contestações de adversários. O ex-presidente já teve negado
pela Justiça pedidos para gravar vídeos, dar entrevistas para a campanha da
prisão e de ter representante do PT nos debates.
O
petista está preso desde o dia 7 de abril, depois que o Tribunal Regional
Federal da 4ª Região confirmou sua condenação a 12 anos de prisão por corrupção
e lavagem de dinheiro. Sua prisão é o cumprimento antecipado da pena, já que
ele ainda tem recursos pendentes de julgamento pelo Superior Tribunal de
Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal.
Depois
de formada maioria contra o registro da candidatura petista, votaram ainda os
ministros Tarcísio Vieira e a presidente da corte, Rosa Weber. Na longa sessão
desta sexta, o ministro relator do caso, Luis Roberto Barroso, indeferiu o
pedido de Lula para se candidatar.
O
ministro se dedicou a defender a Lei da Ficha Limpa, como fruto de mobilização
popular e vetor de moralização da política. Ele foi acompanhado também pelos
ministros Jorge Mussi, Og Fernandes e Admar Gonzaga.
Para
o ministro Tarcisio Vieira não compete à Justiça Eleitoral "decidir pela
soltura de candidatos segregados de sua liberdade". Ele enfatiza o peso da
decisão tomada pela corte ao mencionar que seis ministros do STF integram o
tribunal eleitoral, sendo três deles suplentes.
Em
voto que levou 1h30, a presidente Rosa Weber prestigiou a discussão levantada
por Fachin sobre o respeito aos tratados internacionais. De acordo com ela, no
entanto, as decisões do Comitê de Direitos Humanos não têm a mesma sustentação
indeclinável que decisões jurisdicionais da Corte Interamericana de Direitos
Humanos.
Rosa,
no entanto, divergiu da maioria por entender que, como Lula ainda pode recorrer
ao STF, não deveria ficar proibido de fazer campanha e pedir votos.
(Consultor
Jurídico)
Sábado, 1º de setembro, 2018 ás 01:39
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