Além
de delegados da Polícia Federal, o futuro ministro da Justiça e Segurança
Pública, Sérgio Moro, trouxe para a equipe de transição de governo’ em
Brasília’ o auditor fiscal Roberto Leonel de Oliveira Lima, chefe da área de
investigação da Receita Federal em Curitiba e cérebro do órgão na atuação na
Operação Lava Jato – cujos avanços o ex-juiz quer consolidar nacionalmente.
Aos
58 anos, 33 deles na Receita, Leonel tem a confiança de Moro. Já haviam atuado
paralelamente no caso Banestado. Ele comanda o Escritório de Pesquisa e
Investigação (Espei) da 9.ª Região Fiscal, em Curitiba, base da Lava Jato. A área
de Inteligência da Receita, chefiada por ele, é responsável pelo levantamento
técnico-contábil da operação, que já revelou desvios de mais de R$ 40 bilhões
na Petrobras.
A
Receita forma, com a PF e o Ministério Público Federal, o tripé da força-tarefa
da Lava Jato, cujo modelo Moro quer replicar pelo País no combate à corrupção e
ao crime organizado.
Pilar
menos aparente das investigações, os auditores têm sido fundamentais na análise
das quebras de sigilos para rastrear o caminho do dinheiro da corrupção. São
eles que produzem os relatórios de evolução patrimonial, movimentações
financeiras e fiscais dos investigados.
O
trabalho é feito em conjunto com policiais federais e procuradores têm ajudado
por meio da identificação de serviços fictícios, uso de notas frias, contas
secretas no exterior e bens em nome de terceiros ou empresas offshores,
detectando rombos aos cofres públicos e sonegação fiscal. Um modelo integrado
que Moro quer repetir em Brasília.
Roberto
Leonel Lima entrou na equipe de Moro nesta terça-feira, 20. É mais um nome da
Lava Jato que deve fazer parte do time que o futuro ministro está montando para
2019, em função ainda não definida. Pela experiência que tem no rastreamento de
dinheiro, uma das possibilidades é que ele vá para o Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf).
O
Coaf é um órgão que tem como missão produzir inteligência financeira e conter a
lavagem de dinheiro, a ocultação de patrimônio e o financiamento de atividades
criminosas ou terroristas. A missão de “seguir o dinheiro” torna o órgão
estratégico para a gestão de Sérgio Moro.
Embora
o presidente do Coaf seja nomeado pelo presidente da República, por indicação
do Ministro da Fazenda, o governo estuda deixar que o órgão passe para a zona
de influência do Ministério da Justiça. O ex-juiz da Lava Jato disse, em
reunião há duas semanas no Ministério da Segurança Pública, que o deslocamento
para a Justiça é fundamental e poderia conferir ao Coaf uma importância muito
maior do que ela tem hoje na Fazenda, por estar mais relacionado à área de
investigação.
Mesmo
se não for no Coaf, Leonel é um nome com que Moro quer contar. Uma alternativa
seria atuar no próprio ministério, cuja estrutura ainda está sendo desenhada.
Em
entrevista ao Estadão, em 2016, o auditor afirmou que a Lava Jato revelou uma
“enciclopédia de métodos de lavagem de dinheiro”. A “enciclopédia” incluía
novos e mais complexos métodos de “branquear” o dinheiro e comprovou o uso de
doação de empreiteira para igreja, doações partidárias e eleitorais oficiais,
operações de câmbio para falsas importações, contratos de mútuo fictícios,
empréstimo bancário fraudulento, contratos de consultorias e prestação de
serviços fantasmas, contas em nome de empresas offshores, trusts e até a compra
de um banco em paraíso fiscal.
Equipe
Até
agora, os únicos nomes confirmados por Moro para o futuro governo são os de
Maurício Valeixo, indicado como futuro diretor-geral da Polícia Federal, e
Érika Marena, escolhida para chefiar o Departamento de Recuperação de Ativos e
Cooperação Jurídica Internacional (DRCI). Moro entendeu que são os melhores
nomes dentro da máxima de sua gestão: fortalecer o combate à corrupção e ao
crime organizado.
O
futuro ministro admitiu que há alta probabilidade do general Santos Cruz ser
escolhido para a Secretaria Nacional de Segurança Pública, mas ainda não
confirmou o nome.
Outros
nomes que fazem parte da equipe de transição são o delegado aposentado Rosalvo
Franco, ex-superintendente da PF no Paraná ao longo de três anos da Lava Jato,
e Fabiano Bordignon, delegado-chefe da PF em Foz do Iguaçu, cotado para assumir
o Departamento Penitenciário Nacional.
(Estadão
Conteúdo)
Sexta-feira,
23 de novembro, 2018 ás 00:05
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