A presidente Dilma Rousseff foi
vaiada duas vezes na cerimônia de abertura da Copa das Confederações hoje, no
estádio Mané Garrincha, em Brasília. O presidente da Fifa, Joseph Blatter,
também alvo da manifestação, chegou a reclamar do público pelo microfone,
pedindo "fair play". Para aliados da petista, houve erro da
assessoria em expô-la diante de um público de classe média alta. Na oposição, o
entendimento é de que o descontentamento com a presidente é crescente.
A vaia, alta e ouvida em todo o
estádio, começou no momento em que os nomes de Blatter e Dilma foram anunciados
para dar início ao torneio. O presidente da Fifa iniciou sua fala, em
português, afirmando que havia ali uma reunião para uma "verdadeira festa
do futebol no país pentacampeão". Agradeceu as autoridades brasileiras e
citou Dilma, momento em que o público vaiou novamente. Blatter, então, reclamou
do comportamento: "Amigos do futebol brasileiro, onde está o respeito e o
fair play?".
Dilma ficou com o semblante
fechado ao lado do presidente da Fifa e apenas cumpriu o protocolo, sem
discursar. "Declaro oficialmente aberta a Copa das Confederações Fifa
2013", disse, visivelmente constrangida. Do outro lado dela estava também
o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê
Organizador Local, José Maria Marin, com quem Dilma evitou manter qualquer
contato público até então.
Aliados da presidente acreditam
que a vaia se deveu às características do público. "Vaia de playboy não
vale", disse o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) por meio do Twitter. O senador
Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a situação deveria ter sido evitada pela
assessoria de Dilma. "Faltou avaliação política. Era um evento com
ingresso caro, com classe média alta, classe A, não é essa a turma da Dilma e
do Lula", afirmou Lindbergh. Presente no estádio, o deputado Cândido
Vaccarezza (PT-SP) minimizou o fato. "Político no estádio é sempre vaiado,
porque o povo ali quer ver futebol", disse. Os petistas lembram ainda que
na abertura dos Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro, o então presidente
Lula foi vaiado, mas isso não impediu a eleição de sua sucessora.
Na oposição, a manifestação do
público foi "comemorada". "Essa vaia é um sentimento do País. A
gente vê nas ruas que a situação é diferente de três anos atrás. Ali estava a
classe média, mas as outras classes também estão sofrendo os efeitos da má
administração do PT", afirmou Nilson Leitão (PSDB-MT), líder da minoria na
Câmara. "A presidente conseguiu uma antipatia suprapartidária. Os fatores
vão se acumulando, como a inflação, e isso pode levá-la a uma derrota",
disse o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO).
Fonte: Agência Estado
Sábado 15 de junho
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