Leia a baixo editorial do Estado de S. Paulo do dia 11
passado sobre controle da imprensa:
Não faz muito tempo, o PT
preconizava o “controle social da mídia”. Mas a ideia de “controle” assusta um
pouco e não tem lá grande apelo motivacional. Os marqueteiros entraram em ação
e a palavra de ordem mudou então para “democratização da mídia”. Afinal,
“democratização” é o tipo ideal de ideia-ônibus: todo mundo embarca nela. Só
que, como é da natureza das proposições populistas – muito apelo e pouco
conteúdo –, nunca ficou claro o que vinha a ser exatamente a “democratização”
preconizada, de que modo ela se aplicaria ao cotidiano dos veículos de
comunicação, no que ela mudaria de fato para melhor a vida dos brasileiros.
Agora, finalmente, o grande enigma parece desvendado. Por analogia.
O finado general Hugo Chávez
acaba de ser agraciado, na Venezuela, com o Prêmio Nacional de Jornalismo Simón
Bolívar, pelos relevantes serviços prestados à causa da “democratização da
mídia” em seu país. Como até as maçanetas do Instituto Lula sabem, Hugo Chávez
é a segunda grande figura da política latino-americana a quem as lideranças
petistas, Lula à frente, prestam fervorosa reverência. A primeira é Fidel
Castro. Não há bom petista que não inveje os poderes de que Chávez logrou se
investir para implantar “democraticamente” o “socialismo bolivariano” na
Venezuela.
A instituição que outorgou a
láurea póstuma a Chávez é uma fundação vinculada à vice-presidência da
República. Estatal, portanto. E a justificativa do prêmio chega a ser
comovente: “Decidimos outorgar o prêmio extraordinário ao comandante Hugo
Chávez porque ele devolveu a palavra aos oprimidos do mundo (sic) em seu papel
de comunicador social, em sua constante batalha contra a mentira midiática”.
As emissoras de televisão, pela
extensão de sua audiência, foram as mais perseguidas. As duas maiores redes,
por insistirem no jornalismo não alinhado com a política chavista, acabaram
subjugadas. Em 2007, a RCTV teve a renovação da concessão simplesmente negada,
sob o argumento de que teria participado do golpe de Estado que apeou Chávez do
poder por dois dias, em 2002. Este ano, a Globovisión, depois de ter sido
financeiramente exaurida pela imposição de pesadas multas, foi vendida para um
grupo empresarial aliado do governo e está mudando radicalmente sua linha
editorial.
REGULAÇÃO EM
DEBATE
Chavismo lá,
petismo cá
Por OESP em
11/06/2013 na edição 750
Editorial
reproduzido do Estado de S.Paulo, 8/6/2013; intertítulo do OI
Sexta-feira 14 de
junho
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